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O nariz do outro

Dia destes fiz um tour cirúrgico em um hospital de Porto Alegre. Literalmente baixei para uma cirurgia ambulatorial e, no dia seguinte, recebi alta pesando um pouco menos por conta dos cálculos biliares que deixei lá, junto com minha vesícula. Mas não tenho muito o que falar da minha própria estada, exceto de que tudo andou bem e, depois de um retorno um tanto confuso desde a anestesia geral, foi um contar minuto a minuto até rever o médico no dia seguinte e ouvi-lo dizer que eu poderia ir para casa. Que alegria. O tema desta publicação me surgiu observando que, na sala de recuperação onde fiquei por longas horas, um expressivo número de pessoas, maioria muito jovens, cerca de dois terços de toda lotação da ala, haviam realizado cirurgia plástica no nariz. Nunca imaginei que tanta gente pudesse gostar tão pouco da sua aparência ao ponto de se submeter a uma anestesia geral e a uma cirurgia para redesenhar seu focinho. Eu nada tenho a ver com o nariz dos outros mas uma quantidad...

Anjos

Não sou exatamente um homem religioso. De alguma forma mantive os princípios éticos da formação católica, mas há muito não me enquadro em religião nenhuma. Acredito em Deus, ao estilo agnóstico de Einstein e até da forma reversa de Saramago. Ou seja, nada de reencarnação ou ressurreição. Tudo aqui e agora. Entretanto acredito no espírito que habita os seres vivos e que existem conexões de apoio, fraternidade e ajuda, entre pessoas e animais. Amor e ódio. Anjos e demônios. Também acredito no poder das escolhas e que as certas, mantidas com fé e disciplina, nos trazem a maravilhosa aproximação com os anjos. Nos ambientes dos espíritos mais elevados, nos lugares onde amor é visível, os anjos andam muito próximo das pessoas, eles são as próprias pessoas que são protegidas e que protegem, no mais pleno sentido que a palavra empatia pode ter. Às vezes é bom prestar mais atenção em quem é aquela pessoa que está ouvindo as nossas angústias ou os nossos planos. Como é seu o...

Voltando pra casa

Foram quase duas semanas vividas intensamente pelas ruas de Paris. Mais do que passar o meu aniversário aqui, esta viagem foi o presente que Neca e eu nos oferecemos para celebrar os nossos trinta anos de casamento, foi exatamente neste dia de maio que, em 1984, nos conhecemos, justamente em uma festa de aniversário. Quando vi a moça linda com jeito tímido entrar pela porta o meu coração disparou de imediato e, sem o menor constrangimento, passei a frente de todos, inclusive da aniversariante, para recebê-la e lhe oferecer uma taça de vinho. Nunca mais desgrudamos. Em três décadas a gente viveu de tudo e qualquer casal com mais de dez anos de vida conjugal entende bem o que estou dizendo, também testemunhamos o mundo ao nosso redor se transformar radicalmente, até fomos trabalhar juntos para tornar ainda mais compartilhadas as nossas vidas e, enfim, sobrevivemos. De Paris já postei muito, todos os dias, agora quero falar da volta pra casa. Hoje a meia-noite a gente parte para o...

Morrer vivo

Falem o que quiserem do Paulo Coelho, mas ninguém pode negar que ele tem um talento especialíssimo para sintetizar boas ideias com originalidade. Digo isto pensando em uma frase que li outro dia em uma entrevista do nosso controvertido escritor, quando perguntado sobre o que pensava da morte. - Quero morrer vivo. Esta foi a resposta do mago das palavras, tido como escritor medíocre por muitos mas para matar a todos de inveja, um sucesso mundial. Morrer vivo é uma ideia fantástica. Significa, como ele mesmo explicou, estar ativo e funcional até o último dia. Algo assim como as recentes mortes do ator José Wilker e do narrador Luciano do Vale. Quem morre vivo, frita o seu ovo, seu bife e faz o seu cocô sem ajuda alheia até o fim, paga suas contas e cuida da grama do jardim, diretamente ou por delegação direta. Ontem passei o dia no hospital com minha mãe, um exemplo de obstinada dedicação à individualidade familiar e à liberdade pessoal em vida, agora literalmente presa ao leit...

Tribos

Apesar das dissonâncias da vida e da inevitável necessidade de cuidar da sobrevivência, própria e do clã que escolhemos para integrar, eu não gosto de me queixar da sorte. Ao contrário, agradeço à Divina Providência por estar na companhia de quem elegi e pelos repetidos sinais de que estas escolhas, muito mais do que os fatos em si, sempre foram o traço mais assertivo da minha intuição sobre as pessoas em geral. Assim aprendi a valorizar a intuição como a forma mais sutil da inteligência. De resto é ralação e aquela parte que eu imagino ser o retorno metafísico. Pois bem, esta reflexão toda é para dizer que chegaram com 2014 alguns novos vizinhos no condomínio onde eu moro, coincidentemente bem próximos da minha casa. A Monique, o Gustavo e a Carol, na casa ao lado e, quase em frente, a Sol e a Jadhe. Espontaneamente nos tornamos amigos. Sim, tudo muito rápido e natural. Fazer amigos nunca foi uma dificuldade especial para Neca e eu, mas com o tempo a gente vai ficando mais se...

Pra não dizer que não falei de flores.

A vida anda tão difícil, é tanta violência e superficialidade que a gente quase esquece de que ainda existe o espírito de solidariedade entre boa parte das pessoas. Na noite da última quarta-feira, cerca de 23 horas, eu e minha mulher vínhamos trafegando na Avenida Beira-Rio, já próximo ao novo estádio do internacional, quando dois rapazes de moto nos alcançaram e buzinaram para me chamar a atenção. O carona apontou para o chão, abaixo do meu carro e o piloto gritou "está saindo faísca debaixo do teu carro!". A Neca me pediu que estacionasse mas falei pra ela que poderia ser um assalto e segui apesar dos avisos. Em seguida um automóvel me alcançou, baixou o vidro e o motorista gritou me alertando de fogo e fumaça.  Aí não tive dúvida, liguei o sinal de alerta e busquei a lateral da pista. Tão logo desliguei meu automóvel e um carro encostou atrás com as luzes piscantes também ligadas, reparei que se tratava de um casal. Saí do carro e fui abrir a frente para conferir o...

Geração Y

Eles são contratados como estagiários mas vão te impressionar de imediato com o uso pessoal que fazem das novas tecnologias de comunicação, aliás todos possuem o último modelo de iPhone. Quando o assunto de uma reunião for sobre as redes sociais você verá que todos utilizam uma nova rede ainda não popularizada, mas ainda assim utilizam o Twitter e o Facebook, sendo natural que possam estruturar e administrar fanpages de qualquer tipo de operação de negócios ou entidades, afinal eles encaram o uso das tecnologias com naturalidade e te fazem acreditar que já nasceram conhecendo tudo que precisa saber sobre marca. Você ficará estupefacto com tamanha desenvoltura e perceberá que pode dispensar todos os seus assessores analógicos, caros e ultrapassados, afinal a garotada o convenceu que você está fazendo tudo errado e que sua companhia está condenada ao extermínio. Então você toma a sua grande decisão depois do churrasco de domingo. Na segunda-feira pela manhã avisa a secretária para ...