Pular para o conteúdo principal

Geração Y

Eles são contratados como estagiários mas vão te impressionar de imediato com o uso pessoal que fazem das novas tecnologias de comunicação, aliás todos possuem o último modelo de iPhone.
Quando o assunto de uma reunião for sobre as redes sociais você verá que todos utilizam uma nova rede ainda não popularizada, mas ainda assim utilizam o Twitter e o Facebook, sendo natural que possam estruturar e administrar fanpages de qualquer tipo de operação de negócios ou entidades, afinal eles encaram o uso das tecnologias com naturalidade e te fazem acreditar que já nasceram conhecendo tudo que precisa saber sobre marca.

Você ficará estupefacto com tamanha desenvoltura e perceberá que pode dispensar todos os seus assessores analógicos, caros e ultrapassados, afinal a garotada o convenceu que você está fazendo tudo errado e que sua companhia está condenada ao extermínio.

Então você toma a sua grande decisão depois do churrasco de domingo.
Na segunda-feira pela manhã avisa a secretária para mandar o novo estagiário direto para sua sala, será uma surpresa total, um cargo de assessor e um bom salário logo de saída.

Em menos de meia hora a secretária retorna dizendo que o estagiário enviou mensagem avisando que não virá mais à empresa, pois decidiu abrir um bar na Cidade Baixa com um colega da faculdade e que vai se dedicar integralmente ao novo projeto.

Você diz que está tudo bem e fica pensando com seus botões que deveria ser mais esperto para um cara da sua idade, tudo bem que a Geração Y não fosse tudo o que parecia ser na primeira impressão, afinal existe este impulso generoso de acreditar nos jovens.

Mas da próxima vez você agirá com mais ceticismo, melhor para todos, inclusive para os garotos que aparecerem para os estágios, pois você terá mais interesse em saber outras coisas a seu respeito, se ele faz parte de algum grupo de atividades, se gosta de jogar futebol, se têm irmãos mais novos e quem são as pessoas que ele mais admira.
E uma perguntinha básica: por que ele escolheu fazer estágio na sua empresa?

Você voltará a lembrar das coisas que separam os meninos dos homens.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chamem David!

Afora ser um dos maiores talentos da pintura francesa de todos os tempos, Jacques Louis David foi sem dúvida o de maior presença nos eventos que mexeram com a vida dos franceses entre a Revolução Francesa e o Império de Napoleão Bonaparte. Um talento que sobreviveu ao seu tempo, mas sob um crivo mais severo: um artista chapa branca. Capaz de aderir a qualquer governo ou ideologia. David retratou as batalhas e símbolos dos anos de afirmação da Revolução Francesa, tão importante que quando alguma coisa espetacular estava por acontecer e merecia um registro pictórico, alguém do núcleo de Robespierre bradava: “chamem David!”. Retratou a morte de Jean Marat de forma esplêndida e, de um jeito que só ele sabia fazer, escapou da guilhotina quando seu protetor Robespierre foi condenado. Caiu nas graças de Napoleão e virou o pintor oficial do novo imperador. Seguiu sendo o pintor oficial da França até que Luís XVIII, irmão do decapitado Luís XVI, assumiu o comando da nação após o e

Só falta você

Ê-ê-ê-ê, só falta você, capricha no samba pra gente vencer! Este era o refrão do samba enredo que o último bloco de carnaval do qual fiz parte, nos meus tempos de juventude e solteirice na cidade de Canela, levou para a competição de blocos do Clube Serrano. O tema escolhido foi Luzes da Ribalta, uma homenagem a Charles Chaplin, eu fui incumbido dos desenhos das alegorias e estandartes, além de atuar como Carlitos em uma cena especialmente feita para a apresentação no clube. Por algum motivo acho que exagerei na dramaticidade, era uma cena inspirada no filme O Garoto, interpretado pelo Paulo Rizzo, pois quando encerramos a performance (que incluía um violinista tocando Smile enquanto a bateria permanecia em silêncio), irromperam os aplausos mas as pessoas choravam copiosamente. Acho que ganhamos o prêmio de criatividade e inovação, mas foi o fim da minha vida de momo. Antes participei de um bloco chamado Inimigos do Ritmo, que assumidamente não era lá estas coisas com ritmo e mar

República do Marais

Passei minha vida administrando muito pouco dinheiro, quando não à beira da mais pura dureza, portanto nunca projetei muitas viagens que não fossem terrestres. Conheço pessoas que amam viajar, quanto mais melhor, e para lugares bem diversos dentro do país ou ao redor do planeta. São descolados, aventureiros e até esportistas, gente que habita aeroportos e hotéis nos quatro cantos do mundo. Muitos viajam por razões profissionais, de forma mais ou menos frequente, enfim é um povo acostumado às viagens, aos diversos climas e fuso-horários. No meu caso, toda viagem é uma tortura que inicia à medida que sua data aproxima. Sou entocado, gosto de ficar em casa e sair de automóvel por perto para voltar logo.  Detesto voar. Sem falar nas esperas em aeroportos. Mas se o destino for Paris, gasto meu último tostão e suporto tudo com resignação. Nos últimos cinco anos, por 17 dias anuais, o bairro do Marais é meu lar em Paris. Isto é simplesmente mágico, o velho casario da Rue Charlot,