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Mostrando postagens de julho, 2009

Meu avô

Algumas pessoas são especialmente importantes em nossas vidas. Meu avô materno, o Velho Alfredo, influenciou definitivamente o meu modo de lidar com a tal da existência que, conforme ele costumava dizer, a gente ganha de presente sem pedir e um dia nos é retirada sem que tenhamos chance de apelar. Aliás, Velho Alfredo é um ícone na memória da maioria dos seus mais de cinquenta netos, dos quais sou o primeiro da turma e, por isto, tive a oportunidade de conviver por mais tempo com este saudoso tropeiro da serra gaúcha. Meu avô viveu seus últimos anos em um rancho de madeira onde as frestas deixavam varar o gélido vento minuano, tanto que seu catre ficava estrategicamente protegido por um enorme e antigo roupeiro. Na pequena cozinha o assoalho dava lugar a um piso de terra batida, onde um indefectível fogãozinho à lenha garantia um calor mínimo para que suportasse o inverno. Velho Alfredo morreu no fim do século passado com seus noventa anos, quase preenchendo por completo este segmento

Ficando velho

Estou ficando velho. Não me refiro aos meus cinquenta e dois anos, mas eles ratificam esta percepção. Voltei a me exercitar regularmente, pois além da sobrevivência também preciso reduzir o peso e tenho um joelho que avisa o fim próximo da minha pelada de futebol. Ainda bem que nem tudo que é bom está tão ameaçado quanto o jogo de bola, mas já não posso simplesmente viver do meu velho e bom jeito desregrado de ser. Tenho que considerar de forma séria e definitiva a ruptura com o tabagismo, após quase trinta anos fumando a saúde começa a apresentar a conta dos estragos. Não tem jeito, a gente envelhece por fora e por dentro. É difícil assimilar esta realidade. Consultei um cardiologista para verificar minhas condições de retomar uma atividade de academia. O médico jovem e muito especializado, também pneumologista, analisou meu aspecto clínico como positivo e liberou a atividade física quase sem ressalvas. Mas terei que fazer uma série de exames e isto sempre assusta um pouco. Enfim. A c

Revolutionary Road

Se você ainda não viu, veja o filme de Sam Mendes, Revolutionary Road, que chegou ao mercado brasileiro com o título de Foi Apenas Um Sonho. O livro, que originou esta mais recente e magnífica obra do diretor de Beleza Americana, foi publicado em 1961 por um escritor chamado Richard Yates. Depois de assistir a película, o livro entrou pra minha lista de leituras obrigatórias em 2009. Fiquei profundamente impressionado com a história do casal Wheeler, protagonizado pela dupla Kate Winslet e Leonardo Di Caprio, uma trajetória desnorteante sobre os descaminhos conjugais e que vai muito além do óbvio. A forma como o adultério surge no enredo desafia os limites dos nossos conceitos sobre a vida amorosa. Sam Mendes adora fustigar a linha que separa nossos limites emocionais da nossa própria insanidade existencial. Significativamente ele coloca os filhos fora da questão. As crianças estão presentes, mas não há concessão ao vínculo com a prole para dar uma desculpa à perda de sintonia do casal