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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Bola pra frente

Talvez a diferença mais óbvia entre o estado depressivo e a vigília natural que garante nossa sobrevivência, seja uma coisa chamada “capacidade de reação”. Quem está vivo reage às pressões da vida, sejam elas quais forem. O deprimido de certa forma não está bem vivo, sua mórbida indiferença o arrasta ao sabor da corrente. Na depressão existe o torpor de se deixar morrer. Aí começa uma conversa capaz de reunir psicanalistas e filósofos por semanas a fio. Mas não estou particularmente interessado neste debate, apenas utilizo a metáfora para expressar a minha abençoada reatividade diante das ameaças que rondam meu modesto modo de vida. Abençoada porque me acorda quando os ventos sopram fortes e preciso fechar as janelas e retirar as cadeiras do alpendre, ou quando me avisa para ter calma e fé na hora de tomar decisões e me posicionar diante de situações e pessoas. Minha forma de reagir não costuma ser ostensiva, ao contrário, vem lentamente se aquecendo em banho-maria até ficar no ponto

Brasileiros

A consternação geral diante da tragédia do Haiti tem o cruel agravo da miséria quase absoluta que acomete a vida dos nossos simpáticos irmãos caribenhos. Se parecia impossível imaginar que algo pudesse piorar a situação daquele povo, o terremoto deste início do ano provou que a gente não tem muita imaginação. Até onde vai a resistência emocional de uma nação que, há muito, se vê privada das mínimas perspectivas de um futuro melhor, quando ainda é tragada pelo terror da destruição e da morte em escala de extrema irracionalidade. A fome e o desespero dos sobreviventes, muitos feridos privados de socorro médico e pessoas catatônicas com a terrível sina de peregrinar entre entulhos impregnados com o cheiro da morte, somente perdendo em grau de horror para as inúmeras vítimas que agonizaram por dias e dias sob montanhas de caliça e vigas de concreto. E lá estão brasileiros com a missão de minorar o drama humano desta gente. O exército da ONU sob comando tupiniquim trabalha com abnegação par

Saudade das geadas

As férias acabaram, o dinheiro acabou e estou de volta ao campo de batalha. No meu caso o dinheiro acabou antes das férias, então é fácil imaginar o quanto gastei em passeios e lazer neste período. Tirando os quatro dias fantásticos que me permiti aproveitar em uma pousada rural da serra gaúcha, no restante do tempo agonizei em Porto Alegre me sentindo uma lagartixa presa na garrafa térmica do chimarrão. Sufoco total. Menos mal que já se foram as festividades natalinas e da virada de ano, resta apenas a velha luta pela sobrevivência e as novas batalhas em busca de crescimento pessoal e profissional. Afinal a gente precisa renovar objetivos para invitar esforços. Mas devo confessar que estou em contagem regressiva para reencontrar as brisas geladas do outono, quando as primeiras folhas dos plátanos de Picada Café e Nova Petrópolis começarem a cair e os primeiros vendedores de pinhão surgirem nas margens da estrada de Gramado e São Francisco de Paula, meu coração se encherá de alegria po