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Saudade das geadas

As férias acabaram, o dinheiro acabou e estou de volta ao campo de batalha.

No meu caso o dinheiro acabou antes das férias, então é fácil imaginar o quanto gastei em passeios e lazer neste período. Tirando os quatro dias fantásticos que me permiti aproveitar em uma pousada rural da serra gaúcha, no restante do tempo agonizei em Porto Alegre me sentindo uma lagartixa presa na garrafa térmica do chimarrão.

Sufoco total.

Menos mal que já se foram as festividades natalinas e da virada de ano, resta apenas a velha luta pela sobrevivência e as novas batalhas em busca de crescimento pessoal e profissional. Afinal a gente precisa renovar objetivos para invitar esforços.

Mas devo confessar que estou em contagem regressiva para reencontrar as brisas geladas do outono, quando as primeiras folhas dos plátanos de Picada Café e Nova Petrópolis começarem a cair e os primeiros vendedores de pinhão surgirem nas margens da estrada de Gramado e São Francisco de Paula, meu coração se encherá de alegria porque é o sinal claro de que as geadas e o frio estão pedindo passagem.

Prefiro o outono à primavera pela singela razão de que o primeiro conduz ao inverno e a segunda, a despeito de toda sua beleza, é o portal de acesso ao calorão infernal.

Provavelmente gostaria um pouco mais do verão se meu domicílio fosse Florianópolis, Rio de Janeiro ou Recife, ainda assim prefiro projetar o meu futuro endereço lá pelos sinuosos caminhos das montanhas apartadas das praias.

Voltar a escrever é um sintoma de reação positiva.

A lagartixa está viva e a cápsula mortal se transformou em uma sauna radical. Mas como toda boa sauna, revigorante.

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