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Sonhos

Sonhar é vivenciar uma realidade paralela, sobre a qual não detemos controle. O sonho se impõe em nossa mente adormecida e nos arrasta por labirintos de absoluta sofisticação. Nele tudo é real, o cenário, a situação e os personagens. Freud ensinava que os sonhos são veículos para expressão dos nossos desejos reprimidos, ou ocultos da nossa consciência. Algumas vezes isto fica bem evidente, por mais inconfessáveis que o sejam. Mas existem inúmeras modalidades de sonho, algumas de um surrealismo que deixariam até Salvador Dali parecendo um estagiário da imaginação. Outros sonhos parecem continuar processando a nossa vigília, trazendo fatos e situações bem reais ao nosso cotidiano, nas quais muitas vezes encontramos o detalhe que faltava para compreender um desafio ou de como agir diante dele. Alguns são verdadeiras projeções existenciais, como visualizar o próprio corpo morto e estar presente no cerimonial de velório. Há sonhos bem dolorosos como a perda de  pessoa...

Resiliente

Outro dia meu amigo Carlos me falou sobre a importância da resiliência, qualidade superior e muito procurada no perfil de aspirantes às lideranças organizacionais. A palavra vem sendo empregada no sentido da capacidade em suportar pressões de toda ordem e transformá-las em combustível para evolução pessoal e profissional. O caráter resiliente tem uma propriedade semelhante à vara do salto-com-vara, que verga sob a pressão que o atleta imprime com seu peso em velocidade e retorna impulsionando-o para o objetivo desejado, recuperando a seguir a sua forma original. Pois bem, eu tenho praticado a resiliência como a arte da vida e sua sobrevivência. Enquanto pratico esta forma de avanço persistente e paciência observadora, noto mais atentamente aquilo que se passa com os meus semelhantes, próximos ou não, por meio dos contatos diários, das leituras e do conjunto de outras mídias. O exercício da resiliência, em cada ação cotidiana, me faz entender melhor e valorizar o meu papel individual...

O deus da mudança

Há um forte movimento singrando sinuoso dentro da própria onda gigantesca que é o marketing, este 3.0 que abriu a segunda década do século vinte e um. Trata-se do posicionamento da marca adequado à sua reputação. Com as redes sociais fervilhando no éter da web, o bicho pegou de vez pra questão da imagem das marcas. Já é impossível forjar um escudo impermeável se feito somente de mídias clássicas, mesmo no caso dos mega investimentos. É preciso estar em dia com a imagem, hora e minuto. Finalmente nos transformamos na aldeia global hiper conectada, assim como predizia a ficção literária dos verdes anos da minha geração. Ou então como observaria o meu avô Alfredinho “até peido aparece nas fotos”. Então meus irmãos, vamos praticar as promessas. Vamos agir com coerência e transparência no trato com nossos amigos, parceiros, clientes e quem quer que componha a nossa rede de relacionamentos-alvo. Chegou a hora da marca ser de verdade naquilo tudo que ela representa. No meio de todo...

Inimigos na trincheira

O relacionamento entre irmãos de sangue é sabidamente marcado pelos mais variados sentimentos e manifestações do caráter humano. Dadas às circunstâncias da vida, somente na fase adulta é que se revela o legítimo teor das ligações fraternas. Assim, irmãos que passaram a infância às turras podem vir a ser parceiros indefectíveis na maturidade e outros melosos companheiros dos velhos tempos podem se confrontar de forma irreversível no futuro. O cronista Otto Lara Resende, segundo dizia seu amigo Nelson Rodrigues, forjou a máxima de que “o mineiro só é solidário no câncer”, um jeito mordaz de olhar sua própria origem cultural e a humanidade por extensão. Já vi coisa bem pior acontecer entre irmãs, além da negação de solidariedade uma infame reação de fugir às responsabilidades que poderiam advir de ter que partilhar os cuidados e o convívio com a mãe, frágil e velha. Não é por acaso que a primeira história de relacionamento fraterno da Bíblia traz a tona um sujeito invejoso e frustrado ...

Discurso à Catrefa

Se me for solicitada a fala pública em algum futuro evento da Catrefa, refiro-me a mínima confraria de amigos fantásticos que a vida me proporcionou nas invernadas mais recentes deste meu meio século de existência, pedirei licença para ler o breve discurso que expresso a seguir. A Catrefa se provou um fenômeno raro nos dias atuais, marcados pelo culto ao individualismo e à competitividade. Na Catrefa estes aspectos não prosperam. Somos um grupo tão especial e distante das referências triviais de relacionamentos que me faz evocar a estrutura de convívio proposta no filme A Estranha Família de Antônia, produzido na Holanda e ganhador de um Oscar de Filme Estrangeiro. Assim como na película, a Catrefa acolhe o drama particular de cada integrante sem julgamento e com uma empatia digna de estudos mais avançados. O núcleo duro da Catrefa, menos de dez integrantes oficiais, já vivenciou a partida existencial da nossa querida madrinha, o luto do seu marido e filhos, a separação matrimonial da ...

As coisas que valem a pena

O ano de 2011 chega ao fim e penso sobre as coisas que, realmente, valem a pena. Este foi um ano de grandes transformações pessoais, quebra de paradigmas, sustos e também de muita revelação e amadurecimento. A vida é uma oportunidade mágica e incerta, afinal todos os dias se celebram nascimentos e se encomendam as almas de quem parte. Assim é, desde o começo dos tempos. Cada vez mais prefiro me ater ao que vale a pena, porque penso que a vida tem que ser saboreada a cada naco de segundo, afinal tudo se acabará um dia. Então o que realmente tem valor? Sem medo de errar, o maior bem é estar vivo, lúcido e capacitado a tocar o dia. A lista do que vem depois é generosa, desde um pão quentinho recém saído do forno até o aroma envolvente de um bom café sendo passado. Há uma infinidade de coisas prosaicas de grande valor. Passear de carro por estradas vazias, um banho de rio, um livro que prenda a gente, um trabalho bem realizado e por aí segue. O poeta e boêmio Vinícius de Moraes dizia que “...

Transformações

Há quem diga que o tempo está se escoando mais rápido. Os motivos desta aceleração já me foram explicados algumas vezes por amigos das ciências alternativas e, em todas, acabei por não entender nada. Mas compreendi que, se esta “teoria” for expressão de um fato e não de um delírio quântico, então nossas vidas estão se passando em alta velocidade. Seria razoável concluir que se ganhamos alguns anos a mais de expectativa de vida, em contrapartida eles estão mais curtos do que nos bons e velhos tempos. Desconfio que a percepção sobre a passagem do tempo começou a se alterar a partir do surgimento das grandes concentrações humanas e imprimiu sua velocidade com o surgimento do transporte aéreo. Mas o ponto de mutação deve ter ocorrido na fusão da internet rápida e as plataformas móveis, fontes instantâneas de comunicação sem fronteiras. Aqui e agora, sem limites de distância, com áudio e vídeo por um custo insignificante. Agora tudo se passa a mil. Só o trânsito é lento, a notícia é instant...