Pular para o conteúdo principal

As coisas que valem a pena

O ano de 2011 chega ao fim e penso sobre as coisas que, realmente, valem a pena.
Este foi um ano de grandes transformações pessoais, quebra de paradigmas, sustos e também de muita revelação e amadurecimento.



A vida é uma oportunidade mágica e incerta, afinal todos os dias se celebram nascimentos e se encomendam as almas de quem parte. Assim é, desde o começo dos tempos.
Cada vez mais prefiro me ater ao que vale a pena, porque penso que a vida tem que ser saboreada a cada naco de segundo, afinal tudo se acabará um dia.



Então o que realmente tem valor? Sem medo de errar, o maior bem é estar vivo, lúcido e capacitado a tocar o dia. A lista do que vem depois é generosa, desde um pão quentinho recém saído do forno até o aroma envolvente de um bom café sendo passado. Há uma infinidade de coisas prosaicas de grande valor. Passear de carro por estradas vazias, um banho de rio, um livro que prenda a gente, um trabalho bem realizado e por aí segue.



O poeta e boêmio Vinícius de Moraes dizia que “a vida é uma doce desgraça”.
A noção de que o presente é tudo de que dispomos para viver é um pensamento pragmático que merece ser respeitado e internalizado como uma oração de sobrevivência.



O futuro é incerto por mais que possamos planejar, mas o presente é nosso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chamem David!

Afora ser um dos maiores talentos da pintura francesa de todos os tempos, Jacques Louis David foi sem dúvida o de maior presença nos eventos que mexeram com a vida dos franceses entre a Revolução Francesa e o Império de Napoleão Bonaparte. Um talento que sobreviveu ao seu tempo, mas sob um crivo mais severo: um artista chapa branca. Capaz de aderir a qualquer governo ou ideologia. David retratou as batalhas e símbolos dos anos de afirmação da Revolução Francesa, tão importante que quando alguma coisa espetacular estava por acontecer e merecia um registro pictórico, alguém do núcleo de Robespierre bradava: “chamem David!”. Retratou a morte de Jean Marat de forma esplêndida e, de um jeito que só ele sabia fazer, escapou da guilhotina quando seu protetor Robespierre foi condenado. Caiu nas graças de Napoleão e virou o pintor oficial do novo imperador. Seguiu sendo o pintor oficial da França até que Luís XVIII, irmão do decapitado Luís XVI, assumiu o comando da nação após o e

Em busca do vazio

A virada do século 19 para o século 20 foi um período de invejável criação literária, enquanto a ciência e a indústria viviam eufóricos dias de glória e extravagâncias. As festas boêmias eram regadas com absinto destilado, também utilizado pela medicina neste período, mas entre os boêmios aristocratas, os escritores e artistas, o absinto ganhou contornos de droga da moda, sendo largamente consumido nas grandes cidades européias como Londres, Viena, Praga e, intensamente, na Paris da Belle Époque. Não por acaso, seus usuários passaram a denominá-lo de “a fada verde”, devido ao seu mágico poder de ampliar as portas da percepção. Bem verdade que essa galera agregava ao absinto um parceiro poderoso, o láudano extraído da papoula. Recentemente tive a oportunidade de degustar uma dose de absinto. Absinto produzido em Praga, que meus amigos Fábio e Márcia trouxeram na bagagem de retorno da sua viagem por cidades do antigo Império Austro-Húngaro, em 2011. Reservaram a garrafa pa

República do Marais

Passei minha vida administrando muito pouco dinheiro, quando não à beira da mais pura dureza, portanto nunca projetei muitas viagens que não fossem terrestres. Conheço pessoas que amam viajar, quanto mais melhor, e para lugares bem diversos dentro do país ou ao redor do planeta. São descolados, aventureiros e até esportistas, gente que habita aeroportos e hotéis nos quatro cantos do mundo. Muitos viajam por razões profissionais, de forma mais ou menos frequente, enfim é um povo acostumado às viagens, aos diversos climas e fuso-horários. No meu caso, toda viagem é uma tortura que inicia à medida que sua data aproxima. Sou entocado, gosto de ficar em casa e sair de automóvel por perto para voltar logo.  Detesto voar. Sem falar nas esperas em aeroportos. Mas se o destino for Paris, gasto meu último tostão e suporto tudo com resignação. Nos últimos cinco anos, por 17 dias anuais, o bairro do Marais é meu lar em Paris. Isto é simplesmente mágico, o velho casario da Rue Charlot,