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Sonhos


Sonhar é vivenciar uma realidade paralela, sobre a qual não detemos controle.

O sonho se impõe em nossa mente adormecida e nos arrasta por labirintos de absoluta sofisticação. Nele tudo é real, o cenário, a situação e os personagens.
Freud ensinava que os sonhos são veículos para expressão dos nossos desejos reprimidos, ou ocultos da nossa consciência.
Algumas vezes isto fica bem evidente, por mais inconfessáveis que o sejam.

Mas existem inúmeras modalidades de sonho, algumas de um surrealismo que deixariam até Salvador Dali parecendo um estagiário da imaginação.
Outros sonhos parecem continuar processando a nossa vigília, trazendo fatos e situações bem reais ao nosso cotidiano, nas quais muitas vezes encontramos o detalhe que faltava para compreender um desafio ou de como agir diante dele.

Alguns são verdadeiras projeções existenciais, como visualizar o próprio corpo morto e estar presente no cerimonial de velório. Há sonhos bem dolorosos como a perda de  pessoas amadas, ou angustiantes situações de doença e perseguição.

Quem já não reencontrou pessoas falecidas em seus sonhos e muitas vezes com a consciência viva desta realidade em pleno desenrolar do sonho.
Sonhos repetidos com uma mesma cena, insólita e inexplicável.
Sonhar com queda livre e interminável, acordando no instante do quase impacto.
Estar em lugares que a gente nunca viu e, ainda assim, se sentir em casa.

Também é um mistério porque a gente lembra alguns sonhos e não de outros.
Às vezes, transcorrem longos períodos em que parecemos não sonhar e outros em que eles pululam, ao extremo de quase invadir a nossa mente já desperta.

A ciência tem muitas explicações para nossas experiências oníricas, que incluem os mais variados campos da medicina e em especial a psiquiatria, também a metafísica e as religiões possuem tratados de todo calibre sobre este tema.
De tudo que se sabe, aprecio sobremaneira aquilo que não se sabe ao certo.
Pois sonhar é, acima de tudo, uma conexão incerta.

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