Pular para o conteúdo principal

Transformações

Há quem diga que o tempo está se escoando mais rápido.
Os motivos desta aceleração já me foram explicados algumas vezes por amigos das ciências alternativas e, em todas, acabei por não entender nada.
Mas compreendi que, se esta “teoria” for expressão de um fato e não de um delírio quântico, então nossas vidas estão se passando em alta velocidade.
Seria razoável concluir que se ganhamos alguns anos a mais de expectativa de vida, em contrapartida eles estão mais curtos do que nos bons e velhos tempos.

Desconfio que a percepção sobre a passagem do tempo começou a se alterar a partir do surgimento das grandes concentrações humanas e imprimiu sua velocidade com o surgimento do transporte aéreo.
Mas o ponto de mutação deve ter ocorrido na fusão da internet rápida e as plataformas móveis, fontes instantâneas de comunicação sem fronteiras.
Aqui e agora, sem limites de distância, com áudio e vídeo por um custo insignificante.

Agora tudo se passa a mil.
Só o trânsito é lento, a notícia é instantânea, o jantar maravilhoso do último sábado parece ter acontecido há décadas e a distância entre o amigo daqui e o que mora em Londres, é exatamente a de um clique no i-phone.
É mais fácil manter contato freqüente com quem está distante, do que rodar mínimos quilômetros para reencontrar pessoas próximas.
Fazemos muito mais coisas do que em qualquer época e estamos mais individualistas.
E do ponto de vista da velocidade, com pouco tempo pela frente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ainda Estou Aqui

Com minhas desculpas ao Marcelo Rubens Paiva e ao Walter Salles, me utilizo do título do livro/filme tão em pauta nestes dias que antecedem a entrega do Oscar, para marcar meu retorno à rotina de escrever no meu blog. Foi difícil voltar. A poeira cobriu tudo com grossas camadas e para deixar o ambiente limpo, arejado e propício para este retorno foi preciso uma determinação férrea e uma coerência refletida, qual seja a de retomar o antigo blog e seguir a partir dele, porque o hiato de tempo sumido foi grande, parecia definitivo mas não foi e, ao retomar as crônicas quero preservar o que eu já havia feito. Os tempos mudaram, eu mudei em muitos aspectos, mas ainda sou a mesma pessoa, esta é a coerência que desejo preservar. A grande novidade é que neste ínterim, eu envelheci, não como metáfora mas como fato da vida. Escrevi minhas últimas crônicas aos cinquenta e poucos anos, retorno agora já bem próximo dos setenta, antes em plena atividade profissional e morando em Porto Alegre, agora ...

O Rei, o Mago, o Bardo e o Bobo.

Eles se encontraram por um breve tempo às bordas da floresta alta, nas franjas verdes do grande vale. O Rei, sempre magnânimo com todos que mostravam admiração e simpatia por suas ideias e preleções, contratou o Bobo para escrever suas memórias. O Mago que conhecia o Rei de muitas luas procurava descobrir as conexões emocionais com os novos amigos e celebrar as revelações deste encontro. O Bardo só queria levar suas canções e melodias ao coração de todos, especialmente ao do Rei, para o qual compôs uma bela ode. O Bobo amava os encontros e se divertia em pregar peças no Rei e propor charadas aos companheiros, mas também se emocionava e se encantava com os novos amigos e os seus talentos. Tudo andava de forma mágica e envolvente até o dia em que o Rei, olhou severo para o Bobo e sentenciou:  - Você distorce tudo o que eu digo, duvida de tudo que eu sigo e escreve somente a tua versão das coisas que eu lhe relato! Me sinto desrespeitado e quero que você saiba disso. A partir dali os ...

Velhas fotos coloridas

 Hoje aproveitei a chuva e o tempo gris para remexer nos velhos arquivos fotográficos que a Neca, minha namorada desde as Diretas Já, guarda com todo zelo e carinho. Minha busca, os amigos e os encontros com eles. E lá estavam, uma profusão de conexões, quase todas em celebrações diversas. É incrível como fazíamos festas, a vida era uma festa. E olha que problemas existiam e nunca foram poucos, mas tínhamos a juventude e o seu apetite insaciável por viver e se reunir. As fotos ainda conservam, em sua maioria, um colorido vivo impresso no papel fotográfico. Ninguém portava telefone celular, quando muito uma  câmera fotográfica ou uma filmadora. E a gente dançava, se fantasiava, ia para a praia em bando, comíamos muito, jogávamos qualquer coisa para passar as tardes de chuva enquanto alguém preparava bolinhos, sonhos, bolos e, é claro, pipoca. Bebíamos, éramos beberrões de cerveja, de batidinhas e boa parte de nós, fumava. Alguns, eu entre eles, não somente cigarros. E a gente v...