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Aquela mulher

Para quem acha que Lady Di foi a personalidade mais incômoda na vida da corte inglesa, precisa conhecer a história de uma moça chamada Wallis Simpson.
Ela já surgiu incendiando os tablóides ingleses quando apareceu namorando Edward VIII, sucessor do Rei George V, da Casa de Windsor, ou seja, da Família Real Inglesa.
A má fama de Wallis provém da sua condição de mulher fatal, com relações políticas perigosas para sua época, a década de 1930 e o seu profuso contato com o undergroung londrino.

Quando conheceu Edward, Wallis ainda era casada e carregava o sobrenome do maridão Ernest Simpson, na verdade ex, já privado daquele corpo esguio de longas pernas torneadas.
Ela andava à solta pela noite da capital britânica, uma tribo de endinheirados devassos, nobres levados da breca, artistas, escritores e outros amantes do rendez-vouz sofisticado.

O impacto da sua imagem ameaçadora sobre a classe alta inglesa, que amava o herdeiro do trono pela sua jovialidade, elegância e esportividade, foi tão grande que ela passou a ser tratada sob a cínica expressão: “aquela mulher”.

Mas Edward era o tipo flor que não se cheira.
Preferia ser amante de mulheres casadas pela confortável discrição, segurança e, certamente, pelo fetiche que nutria por amores secretos e perigosos.
Com Wallis, o almofadinha foi devidamente domesticado.
A própria amante casada de Edward à época, era amiga de Wallis e acabou promovendo seu acesso ao futuro rei, o qual faria uma curtíssima passagem pelo trono inglês.
Muitos empertigados e damas invejosas afirmavam que ela era uma mulher feia e masculinizada, além da pecha de ser divorciada e uma plebéia americana.
Conta-se que entre os amantes secretos de Wallis, esteve ninguém menos que Joachim Von Ribbentrop, general alemão em missão diplomática na Inglaterra e depois ministro do exterior, que por algum tempo lhe enviou regularmente 17 cravos brancos, lembrando das ocasiões correspondentes aos seus encontros de alcova.

Wallis era dotada de uma beleza avançada para seu tempo, um estilo um tanto Coco Chanel e passou a vida consumindo jóias caríssimas e roupas de alta costura.
Edward abdicou do trono em 1936 para poder se casar com ela, além de pressionado por fortes evidências de simpatizar demais com Hitler, em sintonia com sua futura consorte.

O tempo provou que Edward e Wallis se amavam de verdade.
Viveram as décadas restantes de suas vidas em Paris, habitando hotéis de luxo.
Ele passou o abacaxi de ser rei durante a segunda guerra mundial para o pai da Rainha Elizabeth II, Rei George VI, aquele que é retratado por Colin Firth no filme O Discurso do Rei.
Edward morreu em 1972 com seus títulos de nobreza restituídos.
Wallis viveu até 1986, tinha 90 anos quando partiu vitoriosa desta para melhor, e ainda levou consigo o título de Duquesa de Windsor para a eternidade.

Ainda hoje, nos círculos mais caretas de Buckingham, ainda é referida como “aquela mulher”.

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