Sem nenhum preâmbulo, tia Zaíra me diz em meio à muvuca que tomara conta
do galpão crioulo no Rancho da Condessa, “a minha família é mesmo incomum”.
Falou tudo e falou bem.
Os Benicios são descendentes de um tronco comum que mantém o hábito de
se visitar e de se curtir como família há quatro gerações, no mínimo.
E não é pouca gente.
Na conjunção Benicio da Fonseca entram famílias de vários estados
brasileiros, principalmente na conexão Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São
Paulo.
Todos se acompanharam crescer, casar, ter filhos, separar, casar de novo,
agregar novos filhos, e depois os netos chegando, crescendo e a tribo aumentando
e se espraiando.
E o fenômeno é autêntico, todos os primos veneram seus tios e tias que, por
sua vez adoram receber e retribuir este carinho, assim vai se transmitindo o
costume aos quem vêm depois.
Neca e eu nos tornamos agregados desta família, um privilégio que muito
apreciamos.
A convivência está fechando vinte anos e se torna cada vez mais preciosa
e enriquecedora, na medida em que proporciona um ambiente humano tão próximo e
sincero com tanta gente.
Conversando com Zé Benicio, pai do meu insubstituível amigo André, sobre
o “fator Benicio” ele me conta que foi sua mãe quem começou tudo.
Isto remonta às memórias de Rio Pardo de seis décadas atrás e, alguns
diriam, vem ainda de mais longe, desde os ermos do Caverá, no município de
Alegrete, há mais de cem anos.
Seja lá o que for este “fator Benicio”, tudo indica que suas matrizes
são gaúchas e maternas, uma espécie de efeito Bibiana temperado com Ana Terra
que, com o tempo e o vento, se ramificou para a antiga capital do país, o Rio
de Janeiro e construiu bases em São Paulo.
E durante todo dia ou entrando a noite, no Encontrão deste sábado,
corria a galope um vento frio constante, como se fosse um marco do clima para
emoldurar esta saga magnífica das pessoas unidas em torno da família.
Comentários