Conta-se que Pablo
Picasso em seus verdes anos, pintava muito, ganhava pouco e gastava por conta
do futuro.
Mesmo na penúria mantinha
uma cozinheira a seus serviços e a fazia encarar o açougueiro do vilarejo com
suas compras generosas e as promessas de pagamento para dali a poucos dias.
Tanto foi que o
homem deixou de achar divertido o engodo do seu devedor e a mandou cobrar
Picasso, caso ele quisesse manter o seu crédito. Pablo juntou uma dúzia de
esboços e os entregou a cozinheira com o recado de que este era o seu pagamento
por ora.
A moça, que imagino
fosse matreira e jeitosa ou a perfeita idiota, cumpre seu mando e entrega um envelope
bem caprichado para o boquiaberto comerciante.
Ele examina o
material e, magnânimo, ainda a deixa levar as compras do dia, mas quando ela se
virava para sair, ele a detém mansamente, “ei moça, por favor, leva isto para o
mestre e diga a ele que é o troco”.
E alcança à mulher três
pedaços de embrulho com algumas garatujas feitas por ele.
De onde se vê que,
caso não fosse o que veio a ser, Picasso era naturalmente dono de uma cara de
pau gigantesca e sabia se virar na mais fina malandragem.
Os gênios têm este
poder.
Nem todos são
hedonistas como Pablo Picasso, alguns até eram muito esquisitos e ascéticos,
mas em geral são divertidos.
No plantel dos
esquisitos ninguém supera Adolf Hitler, o gênio do mal germânico.
Desde muito jovem,
mesmo em sua fase dândi em Viena, Hitler era um sujeito cheio de manias, dado
às variações de humor, vegetariano e abstêmio, ainda cheio de nove horas para curtir
um bom rala e rola.
Vejam o tamanho da
merda que fez, mas inegavelmente tinha um carisma terrível e sabia atiçar os
ódios humanos nas direções do seu interesse.
Para os que conheceram
o jovem Hitler com suas aquarelas de vistas vienenses, com sua paixão pela
ópera de Wagner, com os seus maneirismos empertigados e os discursos inflamados
sobre qualquer assunto, seria muito natural imaginá-lo vivendo de muitas formas
extravagantes no futuro.
Menos naquela que
veio a se configurar na realidade.
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