Conheci a neta de Lampião, conversei com ela
cerca de uma hora no lançamento do seu livro De Virgolino a Lampião, escrito em
parceria com o pesquisador do cangaço Antônio Amaury, no Mercado Público de Porto
Alegre, no já distante ano de 2000.
Cheguei com minha mulher no meio da tarde, em
dia de semana, pois havia uma exposição paralela sobre Lampião, Maria Bonita,
contendo relíquias do cangaço.
A Vera saiu da área de autógrafos e se aproximou da gente, porque ouviu a Neca me chamando a atenção para a beleza brejeira de Maria Bonita.
Disse um oi sorridente e falou que era neta da moça.
A Vera saiu da área de autógrafos e se aproximou da gente, porque ouviu a Neca me chamando a atenção para a beleza brejeira de Maria Bonita.
Disse um oi sorridente e falou que era neta da moça.
No início ficamos meio sem jeito, mas em
seguida a conversa prosperou como se fôssemos velhos vizinhos que se
reencontram e começam a lembrar da parentada.
- E dona Expedita tua mãe, ela lembra dos
pais?
- Tem uns retalhos de lembranças mas era pequena
e ficava muito tempo longe deles, tempo demais pra se criar memória.
Vera nos falou de coisas muito peculiares sobre
as pessoas do cangaço que ela veio a conhecer já adolescente, na infância não tinha
muita noção da sua linhagem histórica.
Muita coisa está no seu livro que, além da
pesquisa de Amaury, ganhou os relatos ouvidos por Vera dos sobreviventes do
bando de seu avô, de forma muito destacada os relatos vívidos de Dadá, a viúva
de Corisco, que se encontrava lúcida e forte quando Vera a conheceu.
Uma neta digna do grande cangaceiro, que por
bem ou por mal sustentou sua luta por mais de década, andando pelo nordeste
inteiro com volantes no seu encalço e ainda assim mantendo uma vida social
delicada com sua tribo de cangaceiros.
As mulheres acompanhavam seus companheiros e, quando preciso, pegavam em armas junto com os homens. Mas criança pequena não dava pra levar junto.
As mulheres acompanhavam seus companheiros e, quando preciso, pegavam em armas junto com os homens. Mas criança pequena não dava pra levar junto.
A mãe de Vera foi criada por gente simples e
de confiança, depois por um tio do lado de Virgolino, vivendo de forma discreta
no estado do Sergipe.
Teve quatro filhos. Vera se formou em
jornalismo e foi a primeira cinegrafista mulher da rede globo.
Recentemente li em algum blog de notícias que
Vera lançou um novo livro, desta vez sobre a vida de sua avó no cangaço, complementado
por uma compilação de como ela é vista através da obra de diversos artistas
plásticos.
Bonita Maria do Capitão também é uma obra em
parceria, desta vez com a professora universitária Germana Gonçalves de Araújo,
designer gráfica e mestra em Design.
Ainda não li, mas vou procurar e comprar.
Vera resgata o melhor dos seus famosos ancestrais
sem precisar dar nenhum tiro e, por certo, sob as bênção do Padre Cícero,
protetor e mentor espiritual do seu avô.
Ainda não li, mas vou procurar e comprar.
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BJUS