Parei para tomar um cafezinho de quase reunião com meu valoroso sócio e amigo André na cafeteria térrea do prédio onde funciona nosso escritório. A mesa da “catrefa” fica à entrada de uma galeria que mede pouco mais de quinze metros de profundidade e tem uns seis metros de altura.
Pois lá no alto, pousado no parapeito de uma abertura para entrada de luz, estava um estressado bem-te-vi. Descansava um pouco e em seguida fazia vários voos em busca da saída para o espaço aberto, extenuado pelo exercício voltava a pousar em algum outro ponto nas alturas.
Pobre bem-te-vi, não conseguia distinguir a saída para a qual bastaria dar um voo rasante na direção certa para depois arremeter ao sabor da liberdade. Por mistérios que pertencem às mentes peculiares dos bem-te-vis, não conseguia ver o caminho.
Fiquei com pena do pássaro.
O que para mim era uma questão de simples manobra, para ele parecia impossível.
Fiquei pensando na metáfora daquela cena: às vezes se tem asas, mas falta a carta de voo.
No livro Os Portões da Prática Budista, Chagdud Tulku Rinpoche conta o caso de um camponês que ao visitar o palácio do Lama enfia a cabeça entre duas colunas muito próximas para ver a paisagem do ponto alto em que se encontra e, apavorado, descobre que ficou trancado no vão. O tempo vai passando e ele começa a crer que seu destino é ficar ali até a morte chegar, lá pelas tantas um monge vai passando por perto e o pobre homem pergunta a ele se tem alguma chance de se ver livre daquela agonia. O monge, quase indiferente, diz que ele deve fazer o movimento oposto ao que fez para conseguir passar com a cabeça pelas colunas.
Assim ele refez seu movimento inicial ao contrário e, abracadabra, ficou livre.
Torci para que o bem-te-vi ficasse calmo, sem bater suas asas excessivamente para não se ferir e que, no tempo certo, fosse capaz de compreender a rota de fuga da sua armadilha.
Ao que parece tudo deu certo, pois na manhã seguinte o pássaro não estava lá nem surgiram boatos funestos sobre o seu destino.
Acho que meu amigo bem-te-vi encontrou um conselheiro salvador ou, mais óbvio, conseguiu com sua tenaz insistência encontrar a saída.
Às vezes, a capacidade de não desesperar pode ser tão valiosa quanto o dom de voar.
Pois lá no alto, pousado no parapeito de uma abertura para entrada de luz, estava um estressado bem-te-vi. Descansava um pouco e em seguida fazia vários voos em busca da saída para o espaço aberto, extenuado pelo exercício voltava a pousar em algum outro ponto nas alturas.
Pobre bem-te-vi, não conseguia distinguir a saída para a qual bastaria dar um voo rasante na direção certa para depois arremeter ao sabor da liberdade. Por mistérios que pertencem às mentes peculiares dos bem-te-vis, não conseguia ver o caminho.
Fiquei com pena do pássaro.
O que para mim era uma questão de simples manobra, para ele parecia impossível.
Fiquei pensando na metáfora daquela cena: às vezes se tem asas, mas falta a carta de voo.
No livro Os Portões da Prática Budista, Chagdud Tulku Rinpoche conta o caso de um camponês que ao visitar o palácio do Lama enfia a cabeça entre duas colunas muito próximas para ver a paisagem do ponto alto em que se encontra e, apavorado, descobre que ficou trancado no vão. O tempo vai passando e ele começa a crer que seu destino é ficar ali até a morte chegar, lá pelas tantas um monge vai passando por perto e o pobre homem pergunta a ele se tem alguma chance de se ver livre daquela agonia. O monge, quase indiferente, diz que ele deve fazer o movimento oposto ao que fez para conseguir passar com a cabeça pelas colunas.
Assim ele refez seu movimento inicial ao contrário e, abracadabra, ficou livre.
Torci para que o bem-te-vi ficasse calmo, sem bater suas asas excessivamente para não se ferir e que, no tempo certo, fosse capaz de compreender a rota de fuga da sua armadilha.
Ao que parece tudo deu certo, pois na manhã seguinte o pássaro não estava lá nem surgiram boatos funestos sobre o seu destino.
Acho que meu amigo bem-te-vi encontrou um conselheiro salvador ou, mais óbvio, conseguiu com sua tenaz insistência encontrar a saída.
Às vezes, a capacidade de não desesperar pode ser tão valiosa quanto o dom de voar.
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