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Saúde

Estou encerrando o meu mais que protelado check up médico.
Ao que sugerem os exames na leitura da dupla de médicos consultados, não tenho motivos para maiores preocupações, porém, e sempre há um porém, existem vários pequenos indícios de que preciso tomar certos cuidados com meus hábitos alimentares e outras pequenas extravagâncias inadmissíveis para uma pessoa da minha faixa etária. Significa dizer: velho imaturo.
Além de algum possível tratamento não descartado, segue a recomendação de consulta a uma nutricionista, só conheço mulheres nesta especialidade, e eventualmente, um contato de terceiro grau com o cardiologista.

Bem, de qualquer modo me sinto um tanto aliviado por ter passado o brete dos exames. Agora é ouvir a voz da coerência e adotar certas medidas.

Um amigo que se dedica a pesquisar, ensinar e aplicar a nova ciência do Pensamento Sistêmico, me falou que reduziu suas consultas médicas a um clínico geral que é verdadeiramente ninja.

O tal médico é um cara de meia idade, prova que já sabe alguma coisa por tempo de serviço e por padecimentos existenciais, não é um entusiasta de exames invasivos, porém não dispensa testes laboratoriais.
Está sempre atualizado sobre descobertas mas faz consultas à moda antiga, na base da pergunta, observação e algumas apertadas no paciente.
Gostei do perfil, porque é terrível este negócio de exames e mais exames, além daquele discurso básico e defensivo de que para formar uma opinião mais segura só com o resultado dos exames.
Quem é meio hipocondríaco feito meu caso, quase morre de especulação.

Mas saúde é um conceito tradicionalmente ligado à noção de felicidade.
Outro dia se divulgou uma pesquisa norte-americana sobre os fatores que determinam a base da felicidade e, entre os cinco primeiros, aparecem pela ordem: ser religioso, ter uma renda mensal a partir de seis mil e oitocentos reais, ter mais de quarenta anos, ser casado e ter plano de saúde.
Mesmo ponto de vista pragmático dos americanos o dinheiro vem depois da religiosidade, afinal a fé é uma autêntica forma de aceitar a finitude da vida.
Curiosamente a pesquisa diz que a partir de onze mil reais por mês, a grana pouco ou nada acrescenta à felicidade. Mas o que mais gostei é que ser mais velho passou a ser considerado fator de felicidade. A exemplo da renda deve haver uma idade limite, a partir da qual nada mais se agrega ao composto de ser feliz.
Acredito que seja aquela idade que torna a pessoa dependente dos outros para as coisas mais banais da funcionalidade cotidiana.

Aí acho que é melhor partir para os braços da eternidade. E olha que eu não tenho pressa!

Comentários

Tiago disse…
Mestre,

achamos uma coluna do Santana q me fez estar lembrando da época do fumódromo da firma: http://wp.clicrbs.com.br/paulosantana/2010/09/07/o-fim-do-fumodromo/?topo=13,1,,,,77

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