Nove anos se passaram e a sensação angustiante de que foi a poucos meses me acompanha, sempre que revejo cenas do dia do ataque e destruição do WTC em Nova York.
Nunca estive na Big Apple, mas é uma cidade que aprendi a gostar sem conhecer, como uma paixão platônica que se mantém viva apesar da distância e, tendo a crer, duradoura justamente pela distância que me impede de banalizar sua realidade.
Sem nunca ter andado por suas ruas e avenidas, testemunhei a construção da Ponte do Brooklyn nas últimas décadas do Século XIX, me empolguei e sofri com as obras radicais de Robert Moses abrindo as railways e demolindo bairros inteiros, aprendi a esperar a árvore de natal do Rockefeller Center e a neve no Central Park, vi o Empire State ser erguido em plena Depressão e contemplei múltiplas tonalidades de cores tingirem a cúpula do Prédio da Chrysler ao longo das estações, enquanto a Estátua da Liberdade vigiava os italianos recém-chegados à triagem da Ilha de Ellis.
Nova York deve ser a cidade mais fotografada e filmada do mundo e entre as mais presentes nos textos da literatura moderna, configurando-se no símbolo máximo da América e suas múltiplas possibilidades.
De tudo que li, ouvi e vi sobre esta meca da história contemporânea, quase nada tem mais proximidade do meu apreço pela cidade do que a filmografia de Woody Allen.
Na película Manhattan vejo a expressão máxima da paixão do diretor pela cidade.
Pois o ataque às Torres Gêmeas feriu de morte a invulnerabilidade do utópico projeto urbano novaiorquino, do lugar multirracial onde toda expressão cultural encontra seu espaço, apesar do atrito febril de seu gigantismo quase desumano.
Seus milhares de restaurantes e a Broadway, museus e movimentos de arte, a Times Square e a Central Station, sempre estiveram lá para abrigar e diluir as mais obtusas dissonâncias.
Sempre haveria espaço para tudo e para todos que se refugiassem em Nova York.
No 11 de Setembro tudo isto sucumbiu com o aço derretido e o concreto pulverizado do World Trade Center, porque agora sobrevive uma cidade traumatizada.
Não que outras grandes metrópoles mundiais não tenham suas duras histórias em um passado próximo ou distante, mas a Big Apple era o último refúgio da diversidade, o umbigo do mundo.
A destruição do WTC ao vivo para os olhos do mundo inteiro, na era da convergência das múltiplas plataformas de comunicação, só prova que a tecnologia é inútil diante da intolerância, da guerra sem fim desta raça chamada humanidade que é capaz de tantas coisas belas, mas que é incapaz do convívio tolerante em um mundo de todos.
Com a implosão das Torres, se desintegrou nossa última esperança de fazer a paz.
Nunca estive na Big Apple, mas é uma cidade que aprendi a gostar sem conhecer, como uma paixão platônica que se mantém viva apesar da distância e, tendo a crer, duradoura justamente pela distância que me impede de banalizar sua realidade.
Sem nunca ter andado por suas ruas e avenidas, testemunhei a construção da Ponte do Brooklyn nas últimas décadas do Século XIX, me empolguei e sofri com as obras radicais de Robert Moses abrindo as railways e demolindo bairros inteiros, aprendi a esperar a árvore de natal do Rockefeller Center e a neve no Central Park, vi o Empire State ser erguido em plena Depressão e contemplei múltiplas tonalidades de cores tingirem a cúpula do Prédio da Chrysler ao longo das estações, enquanto a Estátua da Liberdade vigiava os italianos recém-chegados à triagem da Ilha de Ellis.
Nova York deve ser a cidade mais fotografada e filmada do mundo e entre as mais presentes nos textos da literatura moderna, configurando-se no símbolo máximo da América e suas múltiplas possibilidades.
De tudo que li, ouvi e vi sobre esta meca da história contemporânea, quase nada tem mais proximidade do meu apreço pela cidade do que a filmografia de Woody Allen.
Na película Manhattan vejo a expressão máxima da paixão do diretor pela cidade.
Pois o ataque às Torres Gêmeas feriu de morte a invulnerabilidade do utópico projeto urbano novaiorquino, do lugar multirracial onde toda expressão cultural encontra seu espaço, apesar do atrito febril de seu gigantismo quase desumano.
Seus milhares de restaurantes e a Broadway, museus e movimentos de arte, a Times Square e a Central Station, sempre estiveram lá para abrigar e diluir as mais obtusas dissonâncias.
Sempre haveria espaço para tudo e para todos que se refugiassem em Nova York.
No 11 de Setembro tudo isto sucumbiu com o aço derretido e o concreto pulverizado do World Trade Center, porque agora sobrevive uma cidade traumatizada.
Não que outras grandes metrópoles mundiais não tenham suas duras histórias em um passado próximo ou distante, mas a Big Apple era o último refúgio da diversidade, o umbigo do mundo.
A destruição do WTC ao vivo para os olhos do mundo inteiro, na era da convergência das múltiplas plataformas de comunicação, só prova que a tecnologia é inútil diante da intolerância, da guerra sem fim desta raça chamada humanidade que é capaz de tantas coisas belas, mas que é incapaz do convívio tolerante em um mundo de todos.
Com a implosão das Torres, se desintegrou nossa última esperança de fazer a paz.
Comentários