Nunca fiz análise, mas estou certo de que demandariam longos anos de conversa para alinhavar os meandros labirínticos da minha alvorotada psique.
Não o fiz por razões financeiras, porque o tratamento psicanalítico com um analista qualificado é coisa cara. Diria até que se trata de um consumo restrito à pessoas de um pedigree econômico acima da minha condição.
Sendo assim, fui elucidando as charadas do meu inconsciente a trancos e barrancos.
Pior de tudo foi lidar com a minha coleção particular de fobias, algo que hoje consigo olhar de uma forma natural e, às vezes, até divertida.
Felizmente superei quase todas. Do medo de altura restou o receio precavido que me leva a evitar exposições desnecessárias em sacadas muito altas e aqueles esportes radicais onde o excitante é provar a emoção do perigo. Da minha velha claustrofobia fiquei vacinado e, nas raras oportunidades em que tenho uma inevitável viagem aérea programada, me comporto tão dignamente dentro do avião que nem as mais treinadas comissárias de bordo são capazes de perceber que estou sob estado de vigília.
Do repertório de minhas velhas mazelas psíquicas, uma persiste imutável: meu terror diante da realização de qualquer tipo de exames médicos. Minha infância foi marcada por seguidas mortes de tios e tias, no auge da meia idade. Invariavelmente quando alguém adoecia, seguia-se um périplo de exames, hospitais e um novo velório para reunir parentes e amigos.
Esta foi a imagem que fixei na memória: médicos descobrem as doenças através dos exames de diagnóstico, depois vem os tratamentos, cirurgias, hospitalização e óbito.
Para reforçar esta mórbida percepção, meu querido avô materno evitava a medicina oficial e cultivava seu tabagismo inveterado, assim viveu por noventa anos. Enquanto todos morriam à sua volta, o velho seguia na sua rotina de visitar seus filhos a cavalo, tomando um chazinho específico para este ou aquele incômodo e consumindo de tudo que nenhum cardiologista recomendaria para seus pacientes.
Então a cada consulta ou check-up recomendado, vivo dias angustiantes.
Vou me equilibrando entre a racionalidade de não desprezar totalmente os exames preventivos e em guardar certa distância do aparato médico-científico, um pouco ao estilo do meu avô sem radicalizar tanto quanto ele. Afinal os tempos são outros.
Não o fiz por razões financeiras, porque o tratamento psicanalítico com um analista qualificado é coisa cara. Diria até que se trata de um consumo restrito à pessoas de um pedigree econômico acima da minha condição.
Sendo assim, fui elucidando as charadas do meu inconsciente a trancos e barrancos.
Pior de tudo foi lidar com a minha coleção particular de fobias, algo que hoje consigo olhar de uma forma natural e, às vezes, até divertida.
Felizmente superei quase todas. Do medo de altura restou o receio precavido que me leva a evitar exposições desnecessárias em sacadas muito altas e aqueles esportes radicais onde o excitante é provar a emoção do perigo. Da minha velha claustrofobia fiquei vacinado e, nas raras oportunidades em que tenho uma inevitável viagem aérea programada, me comporto tão dignamente dentro do avião que nem as mais treinadas comissárias de bordo são capazes de perceber que estou sob estado de vigília.
Do repertório de minhas velhas mazelas psíquicas, uma persiste imutável: meu terror diante da realização de qualquer tipo de exames médicos. Minha infância foi marcada por seguidas mortes de tios e tias, no auge da meia idade. Invariavelmente quando alguém adoecia, seguia-se um périplo de exames, hospitais e um novo velório para reunir parentes e amigos.
Esta foi a imagem que fixei na memória: médicos descobrem as doenças através dos exames de diagnóstico, depois vem os tratamentos, cirurgias, hospitalização e óbito.
Para reforçar esta mórbida percepção, meu querido avô materno evitava a medicina oficial e cultivava seu tabagismo inveterado, assim viveu por noventa anos. Enquanto todos morriam à sua volta, o velho seguia na sua rotina de visitar seus filhos a cavalo, tomando um chazinho específico para este ou aquele incômodo e consumindo de tudo que nenhum cardiologista recomendaria para seus pacientes.
Então a cada consulta ou check-up recomendado, vivo dias angustiantes.
Vou me equilibrando entre a racionalidade de não desprezar totalmente os exames preventivos e em guardar certa distância do aparato médico-científico, um pouco ao estilo do meu avô sem radicalizar tanto quanto ele. Afinal os tempos são outros.
Comentários
acompanho o blog há algum tempo, desde que o Tiago fez a indicação.
Esse post sobre as fobias causaram risadas e comparações com alguns dos 'medos' que tenho. Terminei a leitura com a certeza de que sigo alguns hábitos do seu avô! rsrs
Parabéns pelo blog!
Abraço
Iuri