“O fim do termo saudade como um charme brasileiro de alguém sozinho a cismar”, esta frase é um dos diamantes da poesia de Belchior, o grande compositor nordestino recentemente guindado à mídia por estar desaparecido e logo encontrado no Uruguai, onde concedeu entrevista para imprensa anunciando um novo trabalho a caminho.
Independentemente deste sumiço ter sido uma estratégia de marketing ou decorrência do acúmulo de problemas pessoais do autor, a obra de Belchior é muito respeitável. Entre tantas qualidades, ela retrata ângulos preciosos de diferentes faces deste sentimento que denominamos saudade.
Em outra canção ele diz que “por força deste destino um tango argentino me vai bem melhor que um blues”, ou ainda, naquela letra imortalizada pela voz de Elis Regina “na parede da memória esta lembrança é o quadro que dói mais”.
Sou um saudosista.
Tenho saudade das fogueiras gigantescas que minha Escola Marista preparava para a Festa Junina, com a participação dos guris do colégio, que dividiam as tarefas de cortar taquaras e lenha de mato, depois carregar tudo até o velho caminhão Ford que levava carga e trabalhadores de volta. Era fantástico. A fogueira que fazíamos seria, hoje em dia, objeto de julgamento nos fóruns internacionais de meio ambiente, ainda mais que recheávamos a base com pneus velhos para encorpar o fogo e garantir o espetáculo por mais tempo.
Minha nostalgia tem cores, cheiros e sabores.
Outro dia associei um aroma de jasmim aos bolinhos de chuva que minha avó preparava nas tardes de verão, na sua casinha de madeira rodeada por um bosque de castanheiras portuguesas. Vó Dina, quantos carinhos sempre me reservava.
Lembro dos banhos de cachoeira no Poço da Faca, das paqueras com as gurias que veraneavam na Colônia de Férias do Salto, dos passeios de bicicleta até o Vale da Ferradura e das maçãs que furtávamos pelos pomares do caminho.
Tenho uma saudade especial dos piqueniques com minha mãe e minhas tias nos bosques próximos de casa, reunindo primos e primas de várias idades, com todo mundo ajudando a carregar alguma tralha.
Lembro da toalha em xadrez azul e branco que acompanhava nossas expedições e também das formigas cortadeiras que tínhamos que manter longe da nossa comida.
Quantas coisas boas alimentavam aquelas tardes, a cuca de uva, o pão caseiro recém saído do forno, linguiças fervidas, queijo serrano, quark, mel e as geleias fantásticas preparadas com a alquimia inigualável da Tia Helga.
Minha lista de saudades é um compêndio de muitas lembranças e diferentes épocas.
São recordações agradáveis, às vezes um pouco tristes, porque recordam algumas pessoas que partiram desta vida, mas que permanecem vivas na minha memória. E para ficar na sintonia do bardo pernambucano, finalizo com mais um verso da canção Tudo Outra Vez: “e vou viver as coisas novas que também são boas”.
Independentemente deste sumiço ter sido uma estratégia de marketing ou decorrência do acúmulo de problemas pessoais do autor, a obra de Belchior é muito respeitável. Entre tantas qualidades, ela retrata ângulos preciosos de diferentes faces deste sentimento que denominamos saudade.
Em outra canção ele diz que “por força deste destino um tango argentino me vai bem melhor que um blues”, ou ainda, naquela letra imortalizada pela voz de Elis Regina “na parede da memória esta lembrança é o quadro que dói mais”.
Sou um saudosista.
Tenho saudade das fogueiras gigantescas que minha Escola Marista preparava para a Festa Junina, com a participação dos guris do colégio, que dividiam as tarefas de cortar taquaras e lenha de mato, depois carregar tudo até o velho caminhão Ford que levava carga e trabalhadores de volta. Era fantástico. A fogueira que fazíamos seria, hoje em dia, objeto de julgamento nos fóruns internacionais de meio ambiente, ainda mais que recheávamos a base com pneus velhos para encorpar o fogo e garantir o espetáculo por mais tempo.
Minha nostalgia tem cores, cheiros e sabores.
Outro dia associei um aroma de jasmim aos bolinhos de chuva que minha avó preparava nas tardes de verão, na sua casinha de madeira rodeada por um bosque de castanheiras portuguesas. Vó Dina, quantos carinhos sempre me reservava.
Lembro dos banhos de cachoeira no Poço da Faca, das paqueras com as gurias que veraneavam na Colônia de Férias do Salto, dos passeios de bicicleta até o Vale da Ferradura e das maçãs que furtávamos pelos pomares do caminho.
Tenho uma saudade especial dos piqueniques com minha mãe e minhas tias nos bosques próximos de casa, reunindo primos e primas de várias idades, com todo mundo ajudando a carregar alguma tralha.
Lembro da toalha em xadrez azul e branco que acompanhava nossas expedições e também das formigas cortadeiras que tínhamos que manter longe da nossa comida.
Quantas coisas boas alimentavam aquelas tardes, a cuca de uva, o pão caseiro recém saído do forno, linguiças fervidas, queijo serrano, quark, mel e as geleias fantásticas preparadas com a alquimia inigualável da Tia Helga.
Minha lista de saudades é um compêndio de muitas lembranças e diferentes épocas.
São recordações agradáveis, às vezes um pouco tristes, porque recordam algumas pessoas que partiram desta vida, mas que permanecem vivas na minha memória. E para ficar na sintonia do bardo pernambucano, finalizo com mais um verso da canção Tudo Outra Vez: “e vou viver as coisas novas que também são boas”.
Comentários
Cuca de uva, que delícia!
Hoje em dia compramos tudo pronto, mas a lembrança é sempre associada com as coisas que eram feitas com carinho, ao redor do fogão.
Bateu uma puta saudade da minha avó, e olha que ela era uma fera!
Cuca de uva, que delícia!
Hoje em dia compramos tudo pronto, mas a lembrança é sempre associada com as coisas que eram feitas com carinho, ao redor do fogão.
Bateu uma puta saudade da minha avó, e olha que ela era uma fera!