O assunto que domina as rodas de conversa neste Inverno de 2008 não é a baixa da temperatura nem as Olimpíadas da China, mas uma polêmica Lei Seca do Trânsito.
Nem poderia ser diferente.
De um dia para o outro, os motoristas brasileiros acordaram com uma Lei que penaliza qualquer consumo de bebida alcoólica detectável por aparelho de uso fiscalizador.
É a Tolerância Zero.
A Lei nasceu a partir de um verdadeiro clamor público por medidas mais severas para coibir a avalanche de acidentes com mortos e feridos em nossas estradas e cidades, sobretudo nos feriadões e nos finais de semana.
Desde sua promulgação, a imprensa vem divulgando pesquisas em que se revela um apoio significativo dos motoristas entrevistados ao endurecimento da norma legal.
A mim surpreendeu negativamente este rigor da tolerância zero.
O ato de beber com moderação, tido como natural por gerações após gerações de pessoas que dirigem automóveis, passou a representar uma infração criminosa. A diferença entre o motorista que bebe um copo de vinho no jantar e sai guiando o seu carro daquele que toma três cálices na mesma ocasião, é que, em uma blitz, o primeiro receberá uma multa pesada e perderá seu direito de dirigir por um ano, enquanto o outro, além destas penalidades, será preso tendo que pagar fiança para ser solto e ainda precisará responder a um processo criminal.
Como saber quem é um perigo para si e para os outros após beber uma cerveja ou uma dose de uísque em uma confraternização, tendo depois que dirigir um carro?
Basta fazer uma Lei que enquadre a todos e fim de papo, nem é preciso pensar.
Tolerância zero é uma expressão que ficou famosa com o prefeito de Nova York, Rudolf Giuliani, que aplicou um conjunto de duras medidas contra os altos índices de criminalidade da Big Apple, baseadas em leis já existentes e que tratavam com o mesmo rigor a população, a polícia, os políticos e os ricos.
Os EUA têm a maior população carcerária do mundo, têm prisões bem construídas e bem vigiadas para manter a ordem prisional, a justiça é dura com os infratores, sejam eles pobres ou poderosos, também têm estradas ótimas e oferecem serviços públicos de primeira linha para seus cidadãos.
Nossa tolerância zero com o motorista que beber qualquer quantidade vem do nosso Congresso, que costuma ser bem flexível com os delitos dos seus pares.
Aliás, quantas personalidades políticas brasileiras foram exoneradas de seus cargos e presas por desvios de verba pública ou por utilizarem a máquina governamental para enriquecer de forma ilícita? Foi deste parlamento que nasceu a Lei Seca do Trânsito.
Estamos tão apavorados com o elevado volume de óbitos no trânsito que aceitaremos a Lei Seca como uma bênção, mas estamos esquecendo que já existem leis para que se possa combater esta miséria sem violentar a nossa tão preciosa liberdade.
A sociedade brasileira está perdendo o jogo para os donos do poder. E o Brasil, do povo que se julga exemplo de democracia, vai sendo transformado em uma república medíocre, onde seus cidadãos são tratados como irresponsáveis.
Nem poderia ser diferente.
De um dia para o outro, os motoristas brasileiros acordaram com uma Lei que penaliza qualquer consumo de bebida alcoólica detectável por aparelho de uso fiscalizador.
É a Tolerância Zero.
A Lei nasceu a partir de um verdadeiro clamor público por medidas mais severas para coibir a avalanche de acidentes com mortos e feridos em nossas estradas e cidades, sobretudo nos feriadões e nos finais de semana.
Desde sua promulgação, a imprensa vem divulgando pesquisas em que se revela um apoio significativo dos motoristas entrevistados ao endurecimento da norma legal.
A mim surpreendeu negativamente este rigor da tolerância zero.
O ato de beber com moderação, tido como natural por gerações após gerações de pessoas que dirigem automóveis, passou a representar uma infração criminosa. A diferença entre o motorista que bebe um copo de vinho no jantar e sai guiando o seu carro daquele que toma três cálices na mesma ocasião, é que, em uma blitz, o primeiro receberá uma multa pesada e perderá seu direito de dirigir por um ano, enquanto o outro, além destas penalidades, será preso tendo que pagar fiança para ser solto e ainda precisará responder a um processo criminal.
Como saber quem é um perigo para si e para os outros após beber uma cerveja ou uma dose de uísque em uma confraternização, tendo depois que dirigir um carro?
Basta fazer uma Lei que enquadre a todos e fim de papo, nem é preciso pensar.
Tolerância zero é uma expressão que ficou famosa com o prefeito de Nova York, Rudolf Giuliani, que aplicou um conjunto de duras medidas contra os altos índices de criminalidade da Big Apple, baseadas em leis já existentes e que tratavam com o mesmo rigor a população, a polícia, os políticos e os ricos.
Os EUA têm a maior população carcerária do mundo, têm prisões bem construídas e bem vigiadas para manter a ordem prisional, a justiça é dura com os infratores, sejam eles pobres ou poderosos, também têm estradas ótimas e oferecem serviços públicos de primeira linha para seus cidadãos.
Nossa tolerância zero com o motorista que beber qualquer quantidade vem do nosso Congresso, que costuma ser bem flexível com os delitos dos seus pares.
Aliás, quantas personalidades políticas brasileiras foram exoneradas de seus cargos e presas por desvios de verba pública ou por utilizarem a máquina governamental para enriquecer de forma ilícita? Foi deste parlamento que nasceu a Lei Seca do Trânsito.
Estamos tão apavorados com o elevado volume de óbitos no trânsito que aceitaremos a Lei Seca como uma bênção, mas estamos esquecendo que já existem leis para que se possa combater esta miséria sem violentar a nossa tão preciosa liberdade.
A sociedade brasileira está perdendo o jogo para os donos do poder. E o Brasil, do povo que se julga exemplo de democracia, vai sendo transformado em uma república medíocre, onde seus cidadãos são tratados como irresponsáveis.
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Mr. Milk