Ê-ê-ê-ê, só falta você, capricha no samba pra gente vencer!
Este era o refrão do samba enredo que o último bloco de carnaval do qual fiz parte, nos meus tempos de juventude e solteirice na cidade de Canela, levou para a competição de blocos do Clube Serrano.
O tema escolhido foi Luzes da Ribalta, uma homenagem a Charles Chaplin, eu fui incumbido dos desenhos das alegorias e estandartes, além de atuar como Carlitos em uma cena especialmente feita para a apresentação no clube.
Por algum motivo acho que exagerei na dramaticidade, era uma cena inspirada no filme O Garoto, interpretado pelo Paulo Rizzo, pois quando encerramos a performance (que incluía um violinista tocando Smile enquanto a bateria permanecia em silêncio), irromperam os aplausos mas as pessoas choravam copiosamente.
Acho que ganhamos o prêmio de criatividade e inovação, mas foi o fim da minha vida de momo.
Antes participei de um bloco chamado Inimigos do Ritmo, que assumidamente não era lá estas coisas com ritmo e marcação, assim mesmo eu recebia um chocalho vazio porque não tinha a menor vocação para a bateria.
Bons e divertidos tempos das últimas décadas do Século XX.
Na verdade nunca fui muito carnavalesco, depois de casado, meu carnaval era improvisar fantasias com minha mulher e os amigos, depois sair de bebida em punho pela Praia da Pinheira procurando algum lugar com vestígio de festa carnavalesca.
Acabava todo mundo na Praia de Cima, tomando banho de mar e olhando chuva de estrelas cadentes.
Meu samba atravessado veio da infância pobre que me impedia de frequentar o Clube Serrano, fato que só foi reparado depois de conseguir o primeiro emprego.
Ficávamos na porta, eu, meus primos e os amigos da rua, vendo os sócios entrarem com suas belas fantasias e sorrisos de quem "era convidado".
A gente lá fora se contentava de ouvir o som abafado e aprontar sacanagens com os porteiros.
Cresci com a ideia de que o carnaval não me pertencia e, mesmo admirando esta festa em suas várias manifestações, me sinto um alienígena nesta época do ano.
Admito que dou uma espiada no desfile do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio e, um dia, ainda irei me misturar ao povo no Galo da Madrugada, do Recife.
Por enquanto, sigo aproveitando para atualizar minhas agendas de trabalho, ler e passear por perto.
Mas lá longe ainda escuto um sussurrar do tempo, marcado pelo som abafado de um surdo e a voz que puxa a marcha... "que tititi é este que vem da Sapucaí, tá que tá danado, tá cheirando a sapoti...".
Bom carnaval a todos!
Este era o refrão do samba enredo que o último bloco de carnaval do qual fiz parte, nos meus tempos de juventude e solteirice na cidade de Canela, levou para a competição de blocos do Clube Serrano.
O tema escolhido foi Luzes da Ribalta, uma homenagem a Charles Chaplin, eu fui incumbido dos desenhos das alegorias e estandartes, além de atuar como Carlitos em uma cena especialmente feita para a apresentação no clube.
Por algum motivo acho que exagerei na dramaticidade, era uma cena inspirada no filme O Garoto, interpretado pelo Paulo Rizzo, pois quando encerramos a performance (que incluía um violinista tocando Smile enquanto a bateria permanecia em silêncio), irromperam os aplausos mas as pessoas choravam copiosamente.
Acho que ganhamos o prêmio de criatividade e inovação, mas foi o fim da minha vida de momo.
Antes participei de um bloco chamado Inimigos do Ritmo, que assumidamente não era lá estas coisas com ritmo e marcação, assim mesmo eu recebia um chocalho vazio porque não tinha a menor vocação para a bateria.
Bons e divertidos tempos das últimas décadas do Século XX.
Na verdade nunca fui muito carnavalesco, depois de casado, meu carnaval era improvisar fantasias com minha mulher e os amigos, depois sair de bebida em punho pela Praia da Pinheira procurando algum lugar com vestígio de festa carnavalesca.
Acabava todo mundo na Praia de Cima, tomando banho de mar e olhando chuva de estrelas cadentes.
Meu samba atravessado veio da infância pobre que me impedia de frequentar o Clube Serrano, fato que só foi reparado depois de conseguir o primeiro emprego.
Ficávamos na porta, eu, meus primos e os amigos da rua, vendo os sócios entrarem com suas belas fantasias e sorrisos de quem "era convidado".
A gente lá fora se contentava de ouvir o som abafado e aprontar sacanagens com os porteiros.
Cresci com a ideia de que o carnaval não me pertencia e, mesmo admirando esta festa em suas várias manifestações, me sinto um alienígena nesta época do ano.
Admito que dou uma espiada no desfile do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio e, um dia, ainda irei me misturar ao povo no Galo da Madrugada, do Recife.
Por enquanto, sigo aproveitando para atualizar minhas agendas de trabalho, ler e passear por perto.
Mas lá longe ainda escuto um sussurrar do tempo, marcado pelo som abafado de um surdo e a voz que puxa a marcha... "que tititi é este que vem da Sapucaí, tá que tá danado, tá cheirando a sapoti...".
Bom carnaval a todos!
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