Pular para o conteúdo principal

2013

Os maias previram o fim de um ciclo para o final de 2012.
Milhares de leituras e interpretações do calendário maia pipocaram através da web, em publicações impressas, documentários e rodas de conversas pelo mundo.
Enfim, o sol se pôs na data limite e amanheceu no dia seguinte a despeito de tudo.

Mas vamos admitir que 2013 está sendo um ano punk.
Aqui no sul começou com a tragédia de Santa Maria e depois foi a vez do Mercado Público de Porto Alegre, duas vezes com o fogo sendo o elemento do terror.
Falo com conhecidos e amigos, ouvindo relatos de um ano difícil, a economia emperrada às vésperas da Copa do Mundo, o pessoal da hotelaria desestimulado com o que seria o grande ano da véspera.
Manifestações gigantescas com o povo nas ruas desmascarando a imagem do país que se dizia a grande efervescência de prosperidade, liberdade e grandes perspectivas.
O milionário símbolo da pujança nacional afundando vertiginosamente na cotação das bolsas, simbolizando a fragilidade do falso brilhante.
E com todo este cenário, ainda a ausência absoluta de novas e promissoras lideranças.

Na vida pessoal, 2013 está sendo o ano em que tudo fugiu do contexto previsível e que acabei por testar ao limite minha capacidade de manter a calma, rever conceitos para daí traçar novas metas possíveis, conectadas com aquilo que eu pudesse dar conta de fazer, controlar e cuidar para crescer e frutificar.
Também é o ano em que reforcei de forma definitiva minha decisão de projetar minha vida na serra gaúcha, de onde vim, para um tempo bem mais próximo do que fora o meu projeto original.
Nunca dei tanto valor a simplicidade quanto em 2013.
Também está sendo o ano de lidar com o inverno da vida das minhas duas mães, a biológica e sogra que se consolidou como a mãe próxima em uma rica convivência.
Está sendo um tempo de jogar fora as cargas inúteis, abandonar relações mórbidas e trocar os sentimentos de antagonismo pela aceitação dos destinos que se apartam.

O bom é o equilíbrio que as escolhas difíceis proporciona como recompensa.
As novas descobertas que vêm com as pessoas que os novos cenários trazem consigo, assim descobri Marta Harff, Cleo e Dário, Carla Lago, Marcos Eckel e redescobri outros,
sob nova perspectiva, como Victor Hugo, Felipe e Bruna Porciúncula.
Abençoados os amigos que ficam, sobrevivem a todas as mudanças, sempre valiosos e que representam a família que escolhemos, estes sabem bem quem são eles.
Indispensável o amor indestrutível pela minha mulher e pelo meu filho amado.

2013 ainda não terminou, mas finalmente, aprendi a lidar com sua fúria.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ainda Estou Aqui

Com minhas desculpas ao Marcelo Rubens Paiva e ao Walter Salles, me utilizo do título do livro/filme tão em pauta nestes dias que antecedem a entrega do Oscar, para marcar meu retorno à rotina de escrever no meu blog. Foi difícil voltar. A poeira cobriu tudo com grossas camadas e para deixar o ambiente limpo, arejado e propício para este retorno foi preciso uma determinação férrea e uma coerência refletida, qual seja a de retomar o antigo blog e seguir a partir dele, porque o hiato de tempo sumido foi grande, parecia definitivo mas não foi e, ao retomar as crônicas quero preservar o que eu já havia feito. Os tempos mudaram, eu mudei em muitos aspectos, mas ainda sou a mesma pessoa, esta é a coerência que desejo preservar. A grande novidade é que neste ínterim, eu envelheci, não como metáfora mas como fato da vida. Escrevi minhas últimas crônicas aos cinquenta e poucos anos, retorno agora já bem próximo dos setenta, antes em plena atividade profissional e morando em Porto Alegre, agora ...

O Rei, o Mago, o Bardo e o Bobo.

Eles se encontraram por um breve tempo às bordas da floresta alta, nas franjas verdes do grande vale. O Rei, sempre magnânimo com todos que mostravam admiração e simpatia por suas ideias e preleções, contratou o Bobo para escrever suas memórias. O Mago que conhecia o Rei de muitas luas procurava descobrir as conexões emocionais com os novos amigos e celebrar as revelações deste encontro. O Bardo só queria levar suas canções e melodias ao coração de todos, especialmente ao do Rei, para o qual compôs uma bela ode. O Bobo amava os encontros e se divertia em pregar peças no Rei e propor charadas aos companheiros, mas também se emocionava e se encantava com os novos amigos e os seus talentos. Tudo andava de forma mágica e envolvente até o dia em que o Rei, olhou severo para o Bobo e sentenciou:  - Você distorce tudo o que eu digo, duvida de tudo que eu sigo e escreve somente a tua versão das coisas que eu lhe relato! Me sinto desrespeitado e quero que você saiba disso. A partir dali os ...

Velhas fotos coloridas

 Hoje aproveitei a chuva e o tempo gris para remexer nos velhos arquivos fotográficos que a Neca, minha namorada desde as Diretas Já, guarda com todo zelo e carinho. Minha busca, os amigos e os encontros com eles. E lá estavam, uma profusão de conexões, quase todas em celebrações diversas. É incrível como fazíamos festas, a vida era uma festa. E olha que problemas existiam e nunca foram poucos, mas tínhamos a juventude e o seu apetite insaciável por viver e se reunir. As fotos ainda conservam, em sua maioria, um colorido vivo impresso no papel fotográfico. Ninguém portava telefone celular, quando muito uma  câmera fotográfica ou uma filmadora. E a gente dançava, se fantasiava, ia para a praia em bando, comíamos muito, jogávamos qualquer coisa para passar as tardes de chuva enquanto alguém preparava bolinhos, sonhos, bolos e, é claro, pipoca. Bebíamos, éramos beberrões de cerveja, de batidinhas e boa parte de nós, fumava. Alguns, eu entre eles, não somente cigarros. E a gente v...