Esse é o espaço onde posso falar sobre o meu cão sem que ele tenha
acesso.
Vai saber, cada vez eles entendem mais palavras, daí para aprender a ler
é um pulinho.
O Panzer, meu pastor-alemão, está se aproximando do oitavo aniversário e
eu do meu quinquagésimo sexto. Isso que significa que estamos nos encontrando em um momento cronológico
significativo de nossas vidas, somos os coroas que, com um pouco de cuidado e
sorte, conquistarão o status de velhos em horizontes nem tão distantes.
Enquanto isso, seguimos curtindo as nossas três ou quatro longas
caminhadas semanais.
Devo admitir que o Panzer está melhor conservado do que eu.
Acho que o envelhecimento dos cães bem cuidados é menos visível que o
processo no ser humano, por outro lado eles batem a cola com 13 ou 14 anos e a
gente emplaca uns 75 aniversários, a não ser que o imponderável das infinitas
fatalidades resolva nos escolher.
Somos uma boa simbiose, eu e o Panzer, nos comunicamos no silêncio e
temos um apreço sem muita babação, mas as demonstrações de carinho estão
impressas na forma como interagimos e na paz que nossa proximidade produz.
É que o Panzer tem dois donos, a Neca e eu, mas ele entende que eu sou o
dono sem graça.
Esse é o ponto de equilíbrio da família. Com a Neca ele brinca, tem
carinho, é cuidado e a segue com olhar atento para onde quer que ela vá.
É o guardião da Neca e o capacho da Juno, nossa gatinha sem raça
definida que adotamos e que exerce um poder impressionante sobre o Panzer, o
cão tarado e a bichana castrada.
O outro gato, Fidélis, é indiferente ao Panzer, como aliás em relação a
qualquer outro ser vivo.
Mas é o meu cachorro, mesmo sendo o segundo dono, que me conecta à
ancestralidade.
Existe uma energia realmente prazerosa e sincera na conexão das pessoas
com o seu animal de estimação, como eram chamados os nossos pets até poucos
anos.
Os lobos e os homens aprenderam a conviver antes mesmo de se dominar a
escrita.
Capturamos os lobos com nossa inteligência e os trouxemos para a nossa
alcateia, assim os temíveis predadores se transformaram em nossos cães, mas a
conexão existe.
Pela anatomia, tamanho e comportamento, acredito que os pastores-alemães
estejam entre as conexões biológicas mais próximas do lobo selvagem.
Parafraseando
meu amigo Borba “mais vale um cachorro amigo do que um amigo cachorro”.
Comentários
Só eu sei a falta que sinto de ser chefe de matilha (no sentido animal e não figurativo!).
O Panzer diria: "Ai esse meu dono de estimação"!
Acredito que teu cão também me gosta, assim como da mesma forma gosto muito dele e de seus dois donos!
E vou defender o Fidélis - ele foi no colo da Gabi bem contente e feliz! Tem até foto pra comprovar - e se procurar bem, algum pelo que ele deixou como lembrança em toda a roupa dela.
Adorei o texto, btw
bjs