Seguir o fluxo da vida tem sido o destino
natural da espécie humana.
Tão natural como enfrentar as pestes, a fome,
as guerras, os cataclismos e os atuais parâmetros de competitividade e de
individualidade radical.
Vivemos tempos de ansiedade, de grandes
promessas e de poucas certezas.
Tudo ao mesmo tempo agora.
Somos pessoas digitais, instantâneas e
descoladas. Ou jurássicas.
Chegar à maturidade dos anos é ter que lidar
com estas e outras transformações.
Alguns se retiram da paisagem e buscam o doce
ostracismo do lar, mas isto ainda é um luxo exclusivo dos previdentes
financeiros, das mentes brilhantes e daqueles que receberam algum quinhão dos
seus ascendentes, ainda com saúde para aproveitar.
No mais a vida é uma planície onde todos
disputam espaço e buscam sobreviver.
Os mais velhos precisam necessariamente ser mais
espertos para compensar a força e a velocidade que o tempo lhes vai consumindo
paulatinamente.
Mais do que isto, precisam superar um modelo de civilização que idealiza a
juventude e a ela dedica as suas melhores oportunidades, um sistema de valores nem
tão cruel nem tão distante da eugenia nazista, disfarçado por valores
contemporâneos como a aceitação das diversidades de cultura, etnia e
comportamento.
Uma proteção de cristal que exclui uma enorme
parcela dos próprios jovens, fazendo os guetos prosperarem como em nenhuma
outra época da história humana.
As tribos se protegem e se radicalizam cada vez
mais, pois o paraíso está sem vagas.
Para os velhos se faz necessária uma nova
mentalidade.
É preciso fazer do conhecimento e da
experiência uma arma discreta, mas sempre à mão para se utilizar nos momentos
decisivos.
Não temer os jovens, mas não aceitar
concorrer nos parâmetros por eles demarcados, compreender a intensidade da
energia e das aspirações que os movem sem confundir com a paisagem que somente
após muitas décadas é possível ver com clareza.
Enfim, envelhecer sem piedade de si mesmo e
sem muita nostalgia.
Aqueles magnificamente lúcidos e que não se
sentem velhos, devem guardar a sete chaves este presente que a divina
providência colocou em suas almas.
E seguir o fluxo.
Comentários
Te amo e te admiro muito meu redator.
Nequinha