Minha região lombar está se transformando na
Faixa de Gaza do meu corpo: um lugar de dores frequentes com alguns raros intervalos
de conforto.
Transferi para 2013 as devidas investigações médicas,
mas adivinho que um misto de sobrepeso, idade avançando e o caminhar manco por
conta de um joelho com antiga sequela, estejam no cerne da causa.
Enquanto isto sigo, às vezes menos
desenvolto, realizando todas minhas rotinas.
Mas passei a observar mais atentamente o ministro Joaquim Barbosa em algumas das famosas sessões do chamado julgamento do mensalão.
Mas passei a observar mais atentamente o ministro Joaquim Barbosa em algumas das famosas sessões do chamado julgamento do mensalão.
Além do que todos observam - Barbosa muda a
postura corporal o tempo inteiro, um senta levanta com apoio explícito no
espaldar da sua cadeira - notei faíscas de dor no olhar do atual presidente do
STF, mesmo quando se esforça para manter aquela sua expressão de serenidade
durante os trabalhos.
Nos duelos travados com o seu colega revisor
do processo, o ministro Barbosa testou em estágios extremos a sua resiliência
sem perder o foco da sua missão.
Quem poderá ameaçar um homem convicto que acorda e adormece com dores nas costas, um homem culto de origem humilde, um negro vitorioso pelo seu brilhantismo e a sua determinação?
Quem poderá ameaçar um homem convicto que acorda e adormece com dores nas costas, um homem culto de origem humilde, um negro vitorioso pelo seu brilhantismo e a sua determinação?
Juro que vi o olhar da onça tomar conta de
Barbosa em mais de uma ocasião.
Esse caso do mensalão, aliás, é pontuado pela
marca de duas pessoas acometidas por sofrimentos de espectro sinistro.
As costas infernais de Joaquim Barbosa e a obesidade mórbida de Roberto Jefferson. Sim, pois quando o mensalão estourou na imprensa Jefferson recém exibia a silhueta da sua pós cirurgia bariátrica.
O escroque elegante, bem falante e até tenor nas horas vagas, era mais do que um parceiro ultrajado e indignado.
Era um vingador.
As costas infernais de Joaquim Barbosa e a obesidade mórbida de Roberto Jefferson. Sim, pois quando o mensalão estourou na imprensa Jefferson recém exibia a silhueta da sua pós cirurgia bariátrica.
O escroque elegante, bem falante e até tenor nas horas vagas, era mais do que um parceiro ultrajado e indignado.
Era um vingador.
Assim, para o bem ou para o mal da história
brasileira que está sendo escrita em nossos dias, ela terá em seu legado um
importante efeito das dores irredutíveis nas costas do ministro Barbosa e do
desejo de vingança do ex-gordo Jefferson.
No particular, sigo gordito e amolado com minha
dor lombar, mais sofrido e também mais capacitado em compreender o sofrimento
nos outros.
Inclusive o quanto ele se traduz na
intensidade dos temperamentos.
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