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O dia em que a Terra parou


Há exatos onze anos (incríveis onze anos se passaram), o Planeta inteiro parou para assistir ao vivo a destruição do World Trade Center.

Nunca estive de verdade em New York, mas ela me visitou centenas de vezes nos filmes e acontecimentos que forjaram os valores, sonhos e desilusões da minha geração.
É como se eu percorresse inúmeras vezes as escadarias da Grand Station, subisse até não ver mais graça no mirante do Empire State, visse todo ano a colocação da Árvore de Natal no Rockfeller Center, andasse distraído nas calçadas da 5ª Avenida e conhecesse a Times Square desde a construção do Ferro de Passar.
Cruzei a Ponte do Brooklin em épocas diferentes sem nunca deixar de admirar sua arquitetura e a ousadia dos cabos de aço que a sustentam.
Estive no Madison Square Garden quando Muhammad Ali perdeu para Joe Frazier, em 1971, onde aprendi que os melhores são maiores que as suas próprias derrotas e, também, aprendi a ser um novaiorquino comum nos filmes do Woody Allen.
Eu e o resto do mundo.

A destruição das Torres Gêmeas jamais desaparecerá das minhas retinas pelo tempo em que eu ainda viver. Pela primeira e única vez, vi a ficção ser totalmente superada à luz do dia.

Recentemente assisti a um inquietante filme sobre o pós 11 de Setembro.
Chama-se Tão Forte e Tão Perto, de
Stephen Daldry, com um elenco que traz Tom Hanks e Sandra Bullock, mas que tem na atuação do garoto Thomas Horn a chave da sua fantástica dimensão poética. A participação do veterano ator sueco Max Von Sydow também confere um sabor especial ao enredo.
É um drama sobre a dor particular, as dificuldades do seguir em frente após uma perda trágica.

Acho que o 9/11 ainda não foi plenamente compreendido em nossas vidas.
É uma cicatriz eterna na história da civilização ocidental que nem a Torre da Liberdade, quando concluída, fará desaparecer.

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