Conheci a neta de Lampião, conversei com ela cerca de uma hora no lançamento do seu livro De Virgolino a Lampião, escrito em parceria com o pesquisador do cangaço Antônio Amaury, no Mercado Público de Porto Alegre, no já distante ano de 2000. Cheguei com minha mulher no meio da tarde, em dia de semana, pois havia uma exposição paralela sobre Lampião, Maria Bonita, contendo relíquias do cangaço. A Vera saiu da área de autógrafos e se aproximou da gente, porque ouviu a Neca me chamando a atenção para a beleza brejeira de Maria Bonita. Disse um oi sorridente e falou que era neta da moça. No início ficamos meio sem jeito, mas em seguida a conversa prosperou como se fôssemos velhos vizinhos que se reencontram e começam a lembrar da parentada. - E dona Expedita tua mãe, ela lembra dos pais? - Tem uns retalhos de lembranças mas era pequena e ficava muito tempo longe deles, tempo demais pra se criar memória. Vera nos falou de coisas muito peculiares sobre as pessoas do cangaç
Escrever é uma forma de fotografar a própria alma e ao ler a si próprio, depois, é possível que o autor nos cause grande estranheza.