Pular para o conteúdo principal

Ghostwriter

Recebi um convite para ser ghostwriter de uma futura publicação.
É bem verdade que se trata de uma obra de autoajuda, ou mais exatamente uma autobiografia com ênfase na superação construtiva de sentimentos de inferioridade do tipo que marcam a infância e a adolescência de um terço da humanidade. Não é meu gênero preferido.

Gosto mesmo é de literatura pura, mas também leio alguns ensaios e biografias bem escritas.

Recebi com alegria e gratificação este convite. O autor é um profissional da área médica que já publicou duas obras direcionadas ao público relacionado com suas atividades e pesquisas.

Agora deseja falar com o leigo, mais ainda, com pessoas de idades e atividades diversas, apresentando sua experiência de vida como alternativa menos neurótica e bem mais positiva de como lidar com a vivência acachapante do bullying.

A proposta nasceu da avaliação positiva que ele fez sobre uma resenha singela que redigi para o lançamento do seu segundo livro e postei no blog de um grande jornal onde colaboro como blogueiro não remunerado.
Às vezes um texto modesto produz mais repercussões boas do que outros tantos, elaborados com extremo cuidado e empertigados de estilo.
Meu post quase acidental conquistou o interesse do autor pelos serviços da agência de publicidade em que sou sócio, onde aportou como um cliente diferenciado pela clareza de suas metas e pela transparência da sua postura ética.
Agora me faz este convite, porque acredita que saberei contar sua história de um jeito atrativo, fazendo com que outras pessoas se interessem por ela.

Provavelmente toparei o desafio.
Sempre tive uma ideia meio vaga de viver da profissão de escritor, mas nunca vi perspectivas convincentes no meu baú de temas pessoais, isso sem falar do medo de produzir um retumbante fracasso e encerrar minha carreira na estreia.
Quem sabe na carona de uma história alheia eu tenha esse começo na maturidade.

Amém!

Comentários

Tiago disse…
show.

Eu sabia q era uma questão de tempo até o talento do sr. ser reconhecido.

Na verdade não vai ser reconhecido pq é ghostwriter, mas isso tb faz parte.

Não fica se achando tanto...

Postagens mais visitadas deste blog

Ainda Estou Aqui

Com minhas desculpas ao Marcelo Rubens Paiva e ao Walter Salles, me utilizo do título do livro/filme tão em pauta nestes dias que antecedem a entrega do Oscar, para marcar meu retorno à rotina de escrever no meu blog. Foi difícil voltar. A poeira cobriu tudo com grossas camadas e para deixar o ambiente limpo, arejado e propício para este retorno foi preciso uma determinação férrea e uma coerência refletida, qual seja a de retomar o antigo blog e seguir a partir dele, porque o hiato de tempo sumido foi grande, parecia definitivo mas não foi e, ao retomar as crônicas quero preservar o que eu já havia feito. Os tempos mudaram, eu mudei em muitos aspectos, mas ainda sou a mesma pessoa, esta é a coerência que desejo preservar. A grande novidade é que neste ínterim, eu envelheci, não como metáfora mas como fato da vida. Escrevi minhas últimas crônicas aos cinquenta e poucos anos, retorno agora já bem próximo dos setenta, antes em plena atividade profissional e morando em Porto Alegre, agora ...

O Rei, o Mago, o Bardo e o Bobo.

Eles se encontraram por um breve tempo às bordas da floresta alta, nas franjas verdes do grande vale. O Rei, sempre magnânimo com todos que mostravam admiração e simpatia por suas ideias e preleções, contratou o Bobo para escrever suas memórias. O Mago que conhecia o Rei de muitas luas procurava descobrir as conexões emocionais com os novos amigos e celebrar as revelações deste encontro. O Bardo só queria levar suas canções e melodias ao coração de todos, especialmente ao do Rei, para o qual compôs uma bela ode. O Bobo amava os encontros e se divertia em pregar peças no Rei e propor charadas aos companheiros, mas também se emocionava e se encantava com os novos amigos e os seus talentos. Tudo andava de forma mágica e envolvente até o dia em que o Rei, olhou severo para o Bobo e sentenciou:  - Você distorce tudo o que eu digo, duvida de tudo que eu sigo e escreve somente a tua versão das coisas que eu lhe relato! Me sinto desrespeitado e quero que você saiba disso. A partir dali os ...

Velhas fotos coloridas

 Hoje aproveitei a chuva e o tempo gris para remexer nos velhos arquivos fotográficos que a Neca, minha namorada desde as Diretas Já, guarda com todo zelo e carinho. Minha busca, os amigos e os encontros com eles. E lá estavam, uma profusão de conexões, quase todas em celebrações diversas. É incrível como fazíamos festas, a vida era uma festa. E olha que problemas existiam e nunca foram poucos, mas tínhamos a juventude e o seu apetite insaciável por viver e se reunir. As fotos ainda conservam, em sua maioria, um colorido vivo impresso no papel fotográfico. Ninguém portava telefone celular, quando muito uma  câmera fotográfica ou uma filmadora. E a gente dançava, se fantasiava, ia para a praia em bando, comíamos muito, jogávamos qualquer coisa para passar as tardes de chuva enquanto alguém preparava bolinhos, sonhos, bolos e, é claro, pipoca. Bebíamos, éramos beberrões de cerveja, de batidinhas e boa parte de nós, fumava. Alguns, eu entre eles, não somente cigarros. E a gente v...