Se você ainda não foi assistir, vá enquanto há tempo. A mostra Titanic em cartaz em um shopping da Zona Sul de Porto Alegre é bem mais do que uma exibição de objetos pessoais, mobílias e peças do mais famoso e trágico transatlântico da história posterior à revolução industrial. O conteúdo em si é atrativo o suficiente para saciar toda e qualquer curiosidade. Quando naufragou inundado de arrogância na noite gelada de 14 de abril de 1912, o Titanic levou às profundezas abissais do Oceano Atlântico um raro manancial da história de sua época, quando nove entre dez rotas inglesas levavam a New York. Na exposição é possível conferir aspectos que contam trajetórias pessoais de alguns dos seus mais de dois mil passageiros e membros da tripulação. O ambiente escuro e frio recria a atmosfera da noite trágica, ainda mais real com a trilha de fundo, melodias irlandesas e outras músicas da época. Por mais de 75 anos tudo ficou sepultado no breu silencioso há três mil e oitocentos metros de profundidade, até que novas tecnologias em submergíveis resistentes às altas pressões tornassem possível o contato visual com seus restos mortais. É uma experiência inquietante ver tão de perto as joias pessoais, partes de bilhetes e uma série de espólios individuais, incluindo partituras de músicas, um estojo suíço de couro com perfumes raros e ainda ativos, várias cédulas de dinheiro da época, o documento de apresentação de um jovem alemão ao departamento americano de imigração, quase intacto. Até um pedaço do casco de aço do desafortunado “inafundável" está presente em uma urna especial que permite ao visitante tocar na peça. Louças e móveis, incluindo a remontagem quase totalmente autêntica de uma cabine da primeira classe, evidenciando o alto status financeiro da aristocracia naquela época. A emoção é o ingrediente forte da mostra e pode produzir inúmeras leituras sobre a experiência, uma das mais evidentes é a sensação de fragilidade que as convicções tecnológicas, de qualquer época, demonstram diante do imponderável destino.
Afora ser um dos maiores talentos da pintura francesa de todos os tempos, Jacques Louis David foi sem dúvida o de maior presença nos eventos que mexeram com a vida dos franceses entre a Revolução Francesa e o Império de Napoleão Bonaparte. Um talento que sobreviveu ao seu tempo, mas sob um crivo mais severo: um artista chapa branca. Capaz de aderir a qualquer governo ou ideologia. David retratou as batalhas e símbolos dos anos de afirmação da Revolução Francesa, tão importante que quando alguma coisa espetacular estava por acontecer e merecia um registro pictórico, alguém do núcleo de Robespierre bradava: “chamem David!”. Retratou a morte de Jean Marat de forma esplêndida e, de um jeito que só ele sabia fazer, escapou da guilhotina quando seu protetor Robespierre foi condenado. Caiu nas graças de Napoleão e virou o pintor oficial do novo imperador. Seguiu sendo o pintor oficial da França até que Luís XVIII, irmão do decapitado Luís XVI, assumiu o comando da nação após o e
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