Minha mãe é portadora da Doença de Parkinson há cerca de quinze anos. Domingo fui até Canela com minha esposa tomar um café da tarde com ela e voltei satisfeito com a sua aparente boa saúde.
Depois de tanto tempo de convívio com este calvário ela ainda se anima a visitar a pé sua irmã Teresa, que mora a cerca de quinhentos metros da sua casa.
A motivação é forte, o estado de saúde da minha tia é preocupante. Ela que já acompanhou minha mãe em internação hospitalar em Porto Alegre hoje se encontra em situação muito pior.
Quero visitar minha tia o mais breve possível, pois os relatos que ouvi de minha mãe são realmente muito inquietantes.
Enfim, a Dona Lorita, mãe desta criatura que aqui escreve é uma mulher guerreira em seus quase setenta e cinco anos de idade. Foi assim a vida inteira.
Viúva aos vinte e três com dois filhos pequenos para criar, pois meu pai foi vítima de um tipo de leucemia aos trinta e três anos, precisou superar condições financeiras e emocionais para tocar a vida adiante com dignidade.
Sempre trabalhou fora como servente concursada da rede estadual de educação, um trabalho do qual se orgulha, ainda mais por ter ingressado através de concurso. Mérito do esforço de quem teve uma educação formal muito rudimentar.
Dona Lorita é viúva duas vezes.
Casou posteriormente com o irmão mais novo do falecido marido, um cunhado apaixonado conforme minha avaliação atual. O Tio Zeca foi o meu pai de fato, um grande companheiro e pai exemplar dos filhos da sua amada. Foram felizes por três décadas, quando a morte veio buscar seu segundo parceiro.
Sempre brinco com ela dizendo que esgotou o estoque familiar de fornecimento de maridos.
Esta sobrevivente de dois casamentos, literalmente do tipo “até que a morte os separe”, tem um casal de netos, meu filho e minha sobrinha, que ajudou a criar de forma efetiva e presente.
Vive atualmente na companhia do meu irmão, sua esposa e a filha adolescente.
Já passou por inúmeros altos e baixos ao longo das lidas com esta doença degenerativa e definitiva. Depressão, rigidez e falta de perspectiva. Mas segue em frente com sua índole estóica e silenciosa.
Bem recentemente Lorita colocou uma dentadura postiça e, apesar das queixas de adaptação, é nítido o efeito revitalizador que este sorriso sintético produziu na vida de minha querida mãe.
Sua vaidade silenciosa ainda resite, até sua postura melhorou.
Não se pode esperar manifestações esfuziantes da Dona Lorita, nunca foi dada às pirotecnias do entusiasmo, nem quando era mais jovem e saudável. Mas nunca consigo me despedir dela sem ganhar um agrado gastronômico, aquele pão caseiro que hoje é minha cunhada que prepara a partir da sua receita ou uma linguiça suína magnífica produzida por parentes em Gramado.
Entro no meu carro e vejo ela me abanando com dificuldade, emoldurada em novo e reluzente sorriso.
Sua coragem é uma fonte de força moral que me acompanha dia a dia.
Depois de tanto tempo de convívio com este calvário ela ainda se anima a visitar a pé sua irmã Teresa, que mora a cerca de quinhentos metros da sua casa.
A motivação é forte, o estado de saúde da minha tia é preocupante. Ela que já acompanhou minha mãe em internação hospitalar em Porto Alegre hoje se encontra em situação muito pior.
Quero visitar minha tia o mais breve possível, pois os relatos que ouvi de minha mãe são realmente muito inquietantes.
Enfim, a Dona Lorita, mãe desta criatura que aqui escreve é uma mulher guerreira em seus quase setenta e cinco anos de idade. Foi assim a vida inteira.
Viúva aos vinte e três com dois filhos pequenos para criar, pois meu pai foi vítima de um tipo de leucemia aos trinta e três anos, precisou superar condições financeiras e emocionais para tocar a vida adiante com dignidade.
Sempre trabalhou fora como servente concursada da rede estadual de educação, um trabalho do qual se orgulha, ainda mais por ter ingressado através de concurso. Mérito do esforço de quem teve uma educação formal muito rudimentar.
Dona Lorita é viúva duas vezes.
Casou posteriormente com o irmão mais novo do falecido marido, um cunhado apaixonado conforme minha avaliação atual. O Tio Zeca foi o meu pai de fato, um grande companheiro e pai exemplar dos filhos da sua amada. Foram felizes por três décadas, quando a morte veio buscar seu segundo parceiro.
Sempre brinco com ela dizendo que esgotou o estoque familiar de fornecimento de maridos.
Esta sobrevivente de dois casamentos, literalmente do tipo “até que a morte os separe”, tem um casal de netos, meu filho e minha sobrinha, que ajudou a criar de forma efetiva e presente.
Vive atualmente na companhia do meu irmão, sua esposa e a filha adolescente.
Já passou por inúmeros altos e baixos ao longo das lidas com esta doença degenerativa e definitiva. Depressão, rigidez e falta de perspectiva. Mas segue em frente com sua índole estóica e silenciosa.
Bem recentemente Lorita colocou uma dentadura postiça e, apesar das queixas de adaptação, é nítido o efeito revitalizador que este sorriso sintético produziu na vida de minha querida mãe.
Sua vaidade silenciosa ainda resite, até sua postura melhorou.
Não se pode esperar manifestações esfuziantes da Dona Lorita, nunca foi dada às pirotecnias do entusiasmo, nem quando era mais jovem e saudável. Mas nunca consigo me despedir dela sem ganhar um agrado gastronômico, aquele pão caseiro que hoje é minha cunhada que prepara a partir da sua receita ou uma linguiça suína magnífica produzida por parentes em Gramado.
Entro no meu carro e vejo ela me abanando com dificuldade, emoldurada em novo e reluzente sorriso.
Sua coragem é uma fonte de força moral que me acompanha dia a dia.
Comentários
Parabéns Juarez pelo lindo post para a "Lora".