O talento irresistível de Oskar Schindler para seduzir mulheres e envolver marmanjos, somado ao seu espírito hedonista, resultou em um indivíduo de espírito absolutamente lúcido enquanto, ao seu redor, o mundo se desfazia em pedaços.
Claro que o Oskar Schindler do filme de Spielberg deve muito ao charme esperto do ator Liam Neeson, que merecia mas não levou o prêmio máximo da Academia de Hollywood daquele ano, apesar das sete estatuetas que a obra faturou, a ponto de merecer o apelido de A Lista de “Spielberg”.
Ninguém pode negar que pessoas sedutoras exercem um fascínio sobre as outras e têm um poder especial de manipulação, ainda mais quando suas mentes sedutoras possuem o acréscimo de um bom coeficiente intelectual.
No caso de Schindler esta rara combinação resultou na fantástica preservação de mil vidas de prisioneiros judeus, que o reconhecem como verdadeiro herói.
Só mesmo com muita habilidade para resistir e driblar os escaninhos do holocausto.
Minha maior frustração de adolescente foi a de não ter sido um grande sedutor.
Faltaram uns sete centímetros na altura e um verde água nos olhos para que me fosse dado o poder sobre um séquito de mulheres lindas, que tudo fariam pelo meu afeto.
Condenado por herança genética ao mundo em que habitam as pessoas comuns, descobri as virtudes do esforço e da humildade. Sobreviver na planície não é fácil.
Com o tempo aceitei minha modesta aparência física, mas cultivei um certo cacoete de Dom Juan no código mitocondrial de meu alter ego.
Mas voltando ao caso Schindler, vejo-o como uma exemplar quebra de paradigma.
Oskar é o bon vivant investido de uma condição privilegiada, presta serviços ao Reich sem precisar pegar em armas, sempre bem vestido, frequenta ambientes elegantes e, como um exercício contra a depressão da guerra, pega mulheres bacanas.
É festejado pelos oficiais das Waffen SS e por funcionários da Gestapo e, por razões que jamais justificariam o risco de tal empreitada, aceita uma missão de livrar centenas de prisioneiros judeus do extermínio no campo comandado pelo cruel Amon Goeth.
Um cafajeste de ouro este Schindler, um malandro de fina estirpe e herói inusitado.
Afora os defeitos de Schindler como marido, da sua compulsão por sexo, da sua pervertida relação de negócios com o aparelho nazista, havia ali um homem de raro senso humanista.
Oskar me faz pensar que os cafajestes são injustamente associados aos canalhas.
O cafajeste burla as regras da decência para realizar suas fantasias amorais mas, no caso de Schindler, esconde seu melhor aspecto pessoal sob a aparente indiferença.
Schindler realmente desejou proteger aquelas vidas da ignomínia do campo da morte.
Bem diverso do canalha que é indiferente ao sofrimento alheio.
O dom da sedução deveria ser um benefício divino exclusivo de espíritos responsáveis e ser exercido com elevado senso moral, jamais destruindo valores essenciais. Algo como ter uma lista de tarefas dignas para cuidar.
Schindler era o cara!
Claro que o Oskar Schindler do filme de Spielberg deve muito ao charme esperto do ator Liam Neeson, que merecia mas não levou o prêmio máximo da Academia de Hollywood daquele ano, apesar das sete estatuetas que a obra faturou, a ponto de merecer o apelido de A Lista de “Spielberg”.
Ninguém pode negar que pessoas sedutoras exercem um fascínio sobre as outras e têm um poder especial de manipulação, ainda mais quando suas mentes sedutoras possuem o acréscimo de um bom coeficiente intelectual.
No caso de Schindler esta rara combinação resultou na fantástica preservação de mil vidas de prisioneiros judeus, que o reconhecem como verdadeiro herói.
Só mesmo com muita habilidade para resistir e driblar os escaninhos do holocausto.
Minha maior frustração de adolescente foi a de não ter sido um grande sedutor.
Faltaram uns sete centímetros na altura e um verde água nos olhos para que me fosse dado o poder sobre um séquito de mulheres lindas, que tudo fariam pelo meu afeto.
Condenado por herança genética ao mundo em que habitam as pessoas comuns, descobri as virtudes do esforço e da humildade. Sobreviver na planície não é fácil.
Com o tempo aceitei minha modesta aparência física, mas cultivei um certo cacoete de Dom Juan no código mitocondrial de meu alter ego.
Mas voltando ao caso Schindler, vejo-o como uma exemplar quebra de paradigma.
Oskar é o bon vivant investido de uma condição privilegiada, presta serviços ao Reich sem precisar pegar em armas, sempre bem vestido, frequenta ambientes elegantes e, como um exercício contra a depressão da guerra, pega mulheres bacanas.
É festejado pelos oficiais das Waffen SS e por funcionários da Gestapo e, por razões que jamais justificariam o risco de tal empreitada, aceita uma missão de livrar centenas de prisioneiros judeus do extermínio no campo comandado pelo cruel Amon Goeth.
Um cafajeste de ouro este Schindler, um malandro de fina estirpe e herói inusitado.
Afora os defeitos de Schindler como marido, da sua compulsão por sexo, da sua pervertida relação de negócios com o aparelho nazista, havia ali um homem de raro senso humanista.
Oskar me faz pensar que os cafajestes são injustamente associados aos canalhas.
O cafajeste burla as regras da decência para realizar suas fantasias amorais mas, no caso de Schindler, esconde seu melhor aspecto pessoal sob a aparente indiferença.
Schindler realmente desejou proteger aquelas vidas da ignomínia do campo da morte.
Bem diverso do canalha que é indiferente ao sofrimento alheio.
O dom da sedução deveria ser um benefício divino exclusivo de espíritos responsáveis e ser exercido com elevado senso moral, jamais destruindo valores essenciais. Algo como ter uma lista de tarefas dignas para cuidar.
Schindler era o cara!
Comentários
Cada vez fico mais impressionado com a excelência literária demonstrada pelo Sr.
Uma frase como "cultivei um certo cacoete de Dom Juan no código mitocondrial de meu alter ego" é digna de ser publicada em livro.
É mistura de Sigmund Freud e Nelson Rodrigues.
Grande momento deste blog!