No bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre, habita um cão pastor-alemão de uma beleza cinematográfica. Ele responde atentamente pelo nome de Panzer, uma singela homenagem dos donos à famosa divisão de blindados alemães celebrizada na segunda-guerra mundial.
Pois o Panzer faz por merecer o nome, é fortíssimo, graúdo e muito, muito marrento.
Em contrapartida, adora receber carinhos de qualquer pessoa, crianças e adultos, que ao cruzarem seu caminho nos passeios de sábado, quando leva seus donos até as margens do Guaíba, não resistem ao charme deste magnífico exemplar canino.
O Panzer escapou da fama por um triz, na verdade por um exame radiológico.
Quando filhote, hoje ele tem quatro anos e meio, sagrou-se campeão em todas exposições de cães pastores que participou na capital gaúcha, também venceu uma exposição sul-americana em Santa Catarina.
Foi vice-campeão brasileiro competindo em Atibaia, São Paulo, sob avaliação de um juiz vindo da Alemanha. Para quem não convive no meio dos criadores de cão pastor, cabe informar que um juiz alemão em uma exposição desta raça é o equivalente ao furor causado pela Gisele Bündchen quando vem ao São Paulo Fashion Week.
Além de todos estes prêmios, o Panzer ainda ganhou dois troféus Best in Show em uma exposição pan-americana realizada pelo Kennel Club, competindo com múltiplas raças em Porto Alegre.
Com os troféus chegaram as primeiras propostas de compra por parte de criadores e minha esposa entrou em desespero com a possibilidade de perder seu cãozinho. Convenci-a de que poderíamos preservar o nosso astro e ganhar alguns trocados com as coberturas feitas por encomenda.
Na época, o Panzer já havia passado pelo adestramento básico, aquele que consiste nos comandos de senta, deita, fica e junto, devendo então passar para outro estágio, mais evoluído, no qual o cão aprende a atacar sob o comando do seu adestrador.
Aí se estabeleceu a nossa primeira divergência com os procedimentos de criação, não queríamos produzir um cachorro bélico, apesar do nome, nem policial.
O temperamento natural do Panzer já bastava para impor um respeito a sua presença territorial, além do mais desejávamos manter a sua popularidade com as crianças. Com outros cães ele sempre se impôs como um macho alfa, um aspecto que sempre mantivemos sob controle nas lidas cotidianas.
Aceitamos então realizar uma avaliação radiológica para que ele pudesse se tornar um reprodutor selecionado e, para nossa surpresa, o exame diagnosticou um discreto mas definitivo desvio no acetábulo coxo-femural do nosso K9.
Ou seja, encerrava-se ali uma promissora carreira de semeador de genes da sua raça.
Assim o Panzer conquistou sua condição de cachorro comum.
Adeus viagens em caixas de transporte, nunca mais competições demoradas sob sol escaldante e fim de propostas financeiras que ameaçavam sua vida de cão doméstico.
Hoje ele vive na companhia da Blondie, uma pastora de dois anos que nem cogitamos colocar em exposições e da Nikita, a anciã da casa, uma collie tricolor de treze anos.
Também convive com Fidélis, um gato exótico com quem divide um privilegiado lugar para passar as noites mais frias do ano.
Famoso agora só mesmo no bairro, onde vizinhos e caminhantes elogiam sua beleza nos descontraídos passeios do fim-de-semana.
E nada como uma vidinha bem comum para fazer um cão feliz.
Pois o Panzer faz por merecer o nome, é fortíssimo, graúdo e muito, muito marrento.
Em contrapartida, adora receber carinhos de qualquer pessoa, crianças e adultos, que ao cruzarem seu caminho nos passeios de sábado, quando leva seus donos até as margens do Guaíba, não resistem ao charme deste magnífico exemplar canino.
O Panzer escapou da fama por um triz, na verdade por um exame radiológico.
Quando filhote, hoje ele tem quatro anos e meio, sagrou-se campeão em todas exposições de cães pastores que participou na capital gaúcha, também venceu uma exposição sul-americana em Santa Catarina.
Foi vice-campeão brasileiro competindo em Atibaia, São Paulo, sob avaliação de um juiz vindo da Alemanha. Para quem não convive no meio dos criadores de cão pastor, cabe informar que um juiz alemão em uma exposição desta raça é o equivalente ao furor causado pela Gisele Bündchen quando vem ao São Paulo Fashion Week.
Além de todos estes prêmios, o Panzer ainda ganhou dois troféus Best in Show em uma exposição pan-americana realizada pelo Kennel Club, competindo com múltiplas raças em Porto Alegre.
Com os troféus chegaram as primeiras propostas de compra por parte de criadores e minha esposa entrou em desespero com a possibilidade de perder seu cãozinho. Convenci-a de que poderíamos preservar o nosso astro e ganhar alguns trocados com as coberturas feitas por encomenda.
Na época, o Panzer já havia passado pelo adestramento básico, aquele que consiste nos comandos de senta, deita, fica e junto, devendo então passar para outro estágio, mais evoluído, no qual o cão aprende a atacar sob o comando do seu adestrador.
Aí se estabeleceu a nossa primeira divergência com os procedimentos de criação, não queríamos produzir um cachorro bélico, apesar do nome, nem policial.
O temperamento natural do Panzer já bastava para impor um respeito a sua presença territorial, além do mais desejávamos manter a sua popularidade com as crianças. Com outros cães ele sempre se impôs como um macho alfa, um aspecto que sempre mantivemos sob controle nas lidas cotidianas.
Aceitamos então realizar uma avaliação radiológica para que ele pudesse se tornar um reprodutor selecionado e, para nossa surpresa, o exame diagnosticou um discreto mas definitivo desvio no acetábulo coxo-femural do nosso K9.
Ou seja, encerrava-se ali uma promissora carreira de semeador de genes da sua raça.
Assim o Panzer conquistou sua condição de cachorro comum.
Adeus viagens em caixas de transporte, nunca mais competições demoradas sob sol escaldante e fim de propostas financeiras que ameaçavam sua vida de cão doméstico.
Hoje ele vive na companhia da Blondie, uma pastora de dois anos que nem cogitamos colocar em exposições e da Nikita, a anciã da casa, uma collie tricolor de treze anos.
Também convive com Fidélis, um gato exótico com quem divide um privilegiado lugar para passar as noites mais frias do ano.
Famoso agora só mesmo no bairro, onde vizinhos e caminhantes elogiam sua beleza nos descontraídos passeios do fim-de-semana.
E nada como uma vidinha bem comum para fazer um cão feliz.
Comentários
Muito bacana o texto.
Abraço,
Pablo.