Está fazendo dois meses e duas semanas que frequento uma academia de ginástica.
Não reparem, mas pessoas da minha idade falam assim “academia de ginástica”.
Três vezes por semana. E o mais inacreditável: estou gostando.
É bem verdade que não foi nada alentador nos primeiros dias.
Quando cheguei me colocaram em uma esteira eletrônica, acertaram a velocidade recomendada e me deixaram mais desconfiado que cachorro de brigadiano em dia de Grenal. Até então, minha experiência com esteiras se restringia aos três testes ergométricos que realizei em épocas distintas por conta de exames de saúde e, assim mesmo, com as mãos bem agarradas às laterais do trem para não sair dos trilhos.
Resultado: desci da geringonça, o mundo continuou a rodar abaixo dos meus pés e cruzei tropeçando por cima do aparelho ao lado. Um mico total.
Tive esperanças de que ninguém tivesse visto. A Neca viu. E riu muito.
Abstraí e segui em frente.
Agora estou mais a vontade, quase um rato de academia.
Mas ainda não me acostumei completamente com a tal de esteira, prefiro uma outra geringonça que permite um trabalho aeróbico bom sem precisar de talento de circo.
Quanto à musculação é uma atividade meio monótona, mas que o ambiente agradável e o convívio com alunos e professores compensa.
As conversas incluem futebol, música, cinema e qualquer outro tema que não seja sério demais para um saudável convívio superficial.
Afora o meu próprio programa de exercícios que obedeço religiosamente, minha diversão é observar o comportamento das pessoas que chegam a cada semana para iniciar a atividade física. É vasta a diversidade.
Os necessitados como é o meu próprio caso, chegam fora de forma, acima do peso e se esforçam para aparentar naturalidade diante do novo ambiente.
Os marombeiros chegam confiantes, demonstrando conhecimento sobre exercícios e os aparelhos, normalmente portando a toalhinha da sua antiga academia.
As gurias da busca pelo corpo perfeito, invariavelmente vêm acompanhadas do seu personal e produzidas até para suarem suas camisetinhas baby look.
Sempre existe um grupo de aposentados que praticam caminhada, corrida ou ciclismo que se encontram nas academias para treinar no período de inverno, são os velhinhos e velhinhas da nova geração, comunicativos e seguros eles dominam o ambiente.
Mas há um tipo que difere de todos e que é bem fácil de reconhecer, trata-se do sujeito que foi parar na academia por livre e espontânea pressão da mulher ou namorada. Chega quieto, contrariado, fala baixinho, avisa que nos primeiros dias quer apenas caminhar na esteira até pegar mais ritmo e, em duas semanas, desaparece.
Eu me identifico com estes pobres deslocados, tenho vontade de chegar até eles e incentivar para que não desistam, mas fico à distância e tento adivinhar quantas aulas eles serão capazes de fazer. E quando eles somem, eu me congratulo pela minha valorosa persistência.
Não reparem, mas pessoas da minha idade falam assim “academia de ginástica”.
Três vezes por semana. E o mais inacreditável: estou gostando.
É bem verdade que não foi nada alentador nos primeiros dias.
Quando cheguei me colocaram em uma esteira eletrônica, acertaram a velocidade recomendada e me deixaram mais desconfiado que cachorro de brigadiano em dia de Grenal. Até então, minha experiência com esteiras se restringia aos três testes ergométricos que realizei em épocas distintas por conta de exames de saúde e, assim mesmo, com as mãos bem agarradas às laterais do trem para não sair dos trilhos.
Resultado: desci da geringonça, o mundo continuou a rodar abaixo dos meus pés e cruzei tropeçando por cima do aparelho ao lado. Um mico total.
Tive esperanças de que ninguém tivesse visto. A Neca viu. E riu muito.
Abstraí e segui em frente.
Agora estou mais a vontade, quase um rato de academia.
Mas ainda não me acostumei completamente com a tal de esteira, prefiro uma outra geringonça que permite um trabalho aeróbico bom sem precisar de talento de circo.
Quanto à musculação é uma atividade meio monótona, mas que o ambiente agradável e o convívio com alunos e professores compensa.
As conversas incluem futebol, música, cinema e qualquer outro tema que não seja sério demais para um saudável convívio superficial.
Afora o meu próprio programa de exercícios que obedeço religiosamente, minha diversão é observar o comportamento das pessoas que chegam a cada semana para iniciar a atividade física. É vasta a diversidade.
Os necessitados como é o meu próprio caso, chegam fora de forma, acima do peso e se esforçam para aparentar naturalidade diante do novo ambiente.
Os marombeiros chegam confiantes, demonstrando conhecimento sobre exercícios e os aparelhos, normalmente portando a toalhinha da sua antiga academia.
As gurias da busca pelo corpo perfeito, invariavelmente vêm acompanhadas do seu personal e produzidas até para suarem suas camisetinhas baby look.
Sempre existe um grupo de aposentados que praticam caminhada, corrida ou ciclismo que se encontram nas academias para treinar no período de inverno, são os velhinhos e velhinhas da nova geração, comunicativos e seguros eles dominam o ambiente.
Mas há um tipo que difere de todos e que é bem fácil de reconhecer, trata-se do sujeito que foi parar na academia por livre e espontânea pressão da mulher ou namorada. Chega quieto, contrariado, fala baixinho, avisa que nos primeiros dias quer apenas caminhar na esteira até pegar mais ritmo e, em duas semanas, desaparece.
Eu me identifico com estes pobres deslocados, tenho vontade de chegar até eles e incentivar para que não desistam, mas fico à distância e tento adivinhar quantas aulas eles serão capazes de fazer. E quando eles somem, eu me congratulo pela minha valorosa persistência.
Comentários
Adorei teu comentário sobre as conversas da academia de ginástica: "qualquer outro tema que não seja sério demais para um saudável convívio superficial". Perfect!