Após ouvir atentamente os instigantes comentários da Neca, minha mulher, empolgada com a vida incomum da escritora inglesa Mary Shelley, fui assistir a um documentário da BBC sobre a criação do romance Frankenstein, obra urdida sobre sonhos perturbadores da autora e instigada a partir de uma brincadeira entre amigos, não menos excêntricos, no verão de 1816. O livro foi publicado pela primeira vez no ano de 1818 com o título Frankenstein: or the Modern Prometheus, anonimamente. Não era fácil para uma mulher jovem, apenas 21 anos, assinar um enredo tão mórbido e inquietante, no início do século XIX. Mas Mary Shelley não era apenas uma jovem de talento brilhante e atormentada por visões monstruosas da ciência em sua obsessão datada por desvendar os segredos da morte e de promover a restauração da vida em corpos inertes. Mary era filha de intelectuais famosos e muito adiantados para o pensamento da sua geração, o filósofo e novelista William Godwin e a pedagoga Mary Wollstonecraf
Escrever é uma forma de fotografar a própria alma e ao ler a si próprio, depois, é possível que o autor nos cause grande estranheza.