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Mostrando postagens de abril, 2011

Sorte

Imagina o azar do cidadão que conquistou seu primeiro bom emprego como músico justamente na orquestra contratada para tocar na viagem inaugural do Titanic. Com certeza deve ter comemorado com seus parentes e amigos, talvez ficasse de trazer umas lembranças da América para seus afetos mais próximos, quem sabe até, voltou à sua velha igreja e orou agradecido ao Pai Celestial. Pois é, vai saber? Todos os músicos morreram tocando para os outros (se é que você me entende?). Sorte e azar são antônimos que às vezes convergem para um sentido único. A sorte também é dita com o sentido de destino, que por sua vez pode estar crivado de azares ou de pura falta de sorte. Chamamos os prêmios de loteria de Sorte Grande, um viés pragmático para expressar sorte. Ganhar uma fortuna com a mais simples das apostas é uma sorte inquestionável. Há um outro componente que integra este cenário sorte e azar, formando um triângulo perfeito do mais banal folhetim humano: a inveja. Quem ostenta o rosto corado da s

Idiossincrasias

Definitivamente... uma palavra empregada com um sentido próximo de “é exatamente isto”, pelo personagem Raymond (Dustin Hoffman), é repetida à exaustão, no emocionante filme Rain Man (EUA, 1988). Pois eu tenho me sentido o próprio Raymond diante das aberrações que caracterizam o fosso do desentendimento nas relações interpessoais dos últimos tempos. Autismo social. Falo especificamente da guerra frenética por dinheiro e poder no meio de convívio. As idiossincrasias estão acirradas. Nem a máscara do politicamente correto consegue esconder o choque entre manias e melindres pessoais, uma verdadeira praga solta no ar. Funciona mais ou menos assim, se você é a parte que precisa de atenção de outrem, fica absolutamente centrado em um estado de humildade, tolerância e aprovação de quase todas as mazelas do seu interlocutor, nem questiona a vaidade de quem detém o poder, ou seja, quanto mais dócil mais amado. É difícil, não é? Todos, sem exceção, portamos nossa cota pessoal de idiossincrasias.

Titanic

Se você ainda não foi assistir, vá enquanto há tempo. A mostra Titanic em cartaz em um shopping da Zona Sul de Porto Alegre é bem mais do que uma exibição de objetos pessoais, mobílias e peças do mais famoso e trágico transatlântico da história posterior à revolução industrial. O conteúdo em si é atrativo o suficiente para saciar toda e qualquer curiosidade. Quando naufragou inundado de arrogância na noite gelada de 14 de abril de 1912, o Titanic levou às profundezas abissais do Oceano Atlântico um raro manancial da história de sua época, quando nove entre dez rotas inglesas levavam a New York. Na exposição é possível conferir aspectos que contam trajetórias pessoais de alguns dos seus mais de dois mil passageiros e membros da tripulação. O ambiente escuro e frio recria a atmosfera da noite trágica, ainda mais real com a trilha de fundo, melodias irlandesas e outras músicas da época. Por mais de 75 anos tudo ficou sepultado no breu silencioso há três mil e oitocentos metros de profundi