Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2009

Neca e Eu

Meu casamento desafia a projeção de durabilidade dos matrimônios nacionais, dez anos e meio segundo estudo do IBGE, pois eu e a Neca estamos juntos há vinte e cinco anos. Mais do que isto, a gente trabalha na mesma empresa há quinze, um relacionamento full time. Quem nos conhece separadamente, sem saber que somos casados, dificilmente iria imaginar uma relação entre duas pessoas tão diversas. Quanto menos tão duradoura como a nossa. Entretanto, quem convive com o casal não chega a estranhar esta combinação que, este ano, conquista suas Bodas de Prata. Pela primeira vez exercito e registro de forma mais pública uma reflexão sobre nossa aparente incompatibilidade de estilos e o porquê de tanta diferença sobreviver em harmonia. A Neca é obstinadamente disciplinada na busca dos seus objetivos, intolerante com a perda de tempo na resoluções cotidianas, do conserto da torneira do banheiro até quaisquer demandas que envolvam nossa empresa ou a vida familiar. Mas também é uma manteiga derretid

Subliminar

Houve época em que as pessoas temiam os efeitos macabros que as mensagens subliminares na propaganda ou no cinema poderiam causar na mente das massas. Contava-se o caso de um filme do pós-guerra que repetia centenas de vezes de forma imperceptível a frase “beba Coca-Cola” e, no final, as pessoas saiam hipnotizadas do cinema, loucas para beber uma Coca-Cola. Mito ou realidade? Nunca soube. Eram os tempos aterrorizantes da Guerra Fria e das muitas formas de lavagem cerebral. A qualquer momento poderia eclodir a terceira e definitiva guerra mundial e com ela toda vida humana iria perecer sob efeito do holocausto atômico. Boatos de que uma bomba nova, mais letal que todas as outras, estivesse sendo preparada nos EUA ou na Rússia, eram debatidos nos bares e nos encontros domingueiros com a família. Meus tios e primos avistaram mais discos voadores do que a NASA inteira. Eu nunca me impressionei muito com estas grandes aflições globais. O que me amofinava era ver a estupidez carola e hipócri

Sinais

O fato é inusitado mas aconteceu comigo a poucos dias. Entrei no consultório, a jovem médica me acomodou em uma poltrona e indagou com sua voz tranquila: - Então seu Juarez... Me fale sobre o motivo da sua consulta? - São os sinais. Gostaria de uma avaliação médica sobre eles. - Sinais? O senhor vê estes sinais? - Algumas vezes, mas não ligou muito não. O que me preocupa é saber se eles oferecem algum perigo. - Mas os sinais lhe indicam alguma coisa neste sentido? Com são estes sinais? - Não são todos iguais, alguns parecem apenas manchas, outros têm volume e... este aqui por exemplo... Desculpa, mas a senhora é dermatologista? - Não, eu sou psiquiatra, acho que tivemos um ruído na comunicação, o senhor me aguarde que vou verificar com a recepcionista, com licença. Em menos de dois minutos a médica retornou meio constrangida e se desculpou pelo equívoco na agenda da clínica, a dermatologista tem o mesmo nome da psiquiatra e a moça da marcação de consultas assinalou na especialidade err