Pobreza Educativa era uma brincadeira particular que, eu e meu filho, criamos para emprestar um sentido mais otimista à nossa escassez de dinheiro. Funcionava mais ou menos assim, se ele me pedisse um par de tênis como presente de aniversário e eu comprasse uma marca diferente da sua preferida, ao invés de um sorriso amarelo, a gente se divertia com a situação. Afinal nem sempre o orçamento familiar permitia comprar um Nike de última geração, mas com um pouco de criatividade era possível adquirir um Asics, bem maneiro e projetado especialmente para a prática do vôlei, o esporte preferido dele. Com a diferença de investimento ainda era possível sairmos para jogar sinuca. No fim das contas era possível economizar sem abrir mão do churrasco e dos passeios. Claro que isto funcionava com o Pablo, um menino que já nasceu atento às realidades da vida e nunca fez muito drama com as coisas. Nossa ideia era viver de acordo com aquilo que as circunstâncias permitiam sem choraminga
Escrever é uma forma de fotografar a própria alma e ao ler a si próprio, depois, é possível que o autor nos cause grande estranheza.