Eu nunca escrevi sobre a pastora-alemã que incendeia a rotina particular lá de casa: a Blondie. Blondie tem três anos e meio, é a campeã dos apelidos, só para registrar os mais pronunciados: Kika, Muki, Negaloka, Bilé e Mukika. Segundo minha esposa, a Blondie é trelelé, um equivalente aquela cara zonza do Zé Lelé, o primo caipira do Chico Bento. Pois a Blondie é a trelelé com o ouvido mais aguçado do reino canino, também uma incansável guarda da casa com seus latidos de xingamento distribuídos a toda sorte de estrangeiros e passantes barulhentos da minha rua. Na hora do passeio Blondie se transforma em uma dócil princesa da raça. Indiferente a tudo e a todos só tem olhos para sua dona, ou seja, um privilégio exclusivo pois se a caminhada for comigo sofre um déficit imediato de alegria, da ordem de cinquenta por cento. Então meu parceiro de passeios é o Panzer, o super pastor-alemão da família que, além de distribuir habilmente sua atenção aos donos, exige um braço de ferro por pa
Escrever é uma forma de fotografar a própria alma e ao ler a si próprio, depois, é possível que o autor nos cause grande estranheza.